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Uganda: Saúde em greve por falta de condições para lidar com ébola

Os trabalhadores da saúde na cidade ugandesa de Mubende, o epicentro do surto de Ébola declarado na semana passada, entraram em greve após denunciarem condições de trabalho inseguras e a falta de equipamento adequado para tratar os doentes.

Os 34 trabalhadores do centro enviaram uma carta ao Ministério da Saúde declarando que “trabalham sob supervisão limitada, uma vez que a maioria dos supervisores foram recrutados para o corpo especial [de combate ao Ébola]”.

“Falta-nos apoio adequado, tal como equipamento de protecção pessoal, pagamento de risco extra e cuidados médicos para os colegas que foram expostos” ao vírus, referem na carta, citada pelo jornal ugandês The Nile Post.

O presidente da Federação dos Médicos Estagiários do Uganda (FUMI), Musa Lumumba, confirmou a recepção da carta e instou o Governo a agir rapidamente para resolver a situação, dizendo que as preocupações “são pertinentes”.

O porta-voz do Ministério da Saúde do Uganda, Emmanuel Ainebyoona, disse que as autoridades responderão. “Estamos a garantir que lhes damos conselhos para que possam responder [aos pacientes], dado que todo o equipamento de protecção para salvaguardar as suas vidas está disponível”.

O Ministério da Saúde do Uganda afirmou na sua última avaliação de segunda-feira que há 36 casos de Ébola – 18 confirmados e 18 prováveis -, 23 mortes – cinco confirmadas e 18 prováveis – e 35 pessoas estão no hospital.

O Uganda declarou o surto de Ébola em 20 de Setembro após a confirmação da morte de um paciente que deu positivo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a confirmação se seguiu a uma investigação da equipa nacional de resposta rápida após seis “mortes suspeitas” no distrito durante o mês passado.

A OMS salientou que o surto é da estirpe do Sudão. Até à data, foram detetados sete surtos desta estirpe – quatro no Uganda e três no Sudão. O Uganda comunicou o seu último caso desta estirpe em 2012, enquanto em 2019 declarou um surto da estirpe do Zaire, importada da República Democrática do Congo (RDCongo).

Descoberto em 1976 na RDCongo – então chamada Zaire – o Ébola é uma doença grave, frequentemente fatal, que afecta os seres humanos e outros primatas e é transmitida por contacto directo com o sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados e o período de incubação é de dois a 21 dias.

Provoca hemorragias graves e os seus primeiros sintomas são febre alta súbita, fraqueza grave, dores musculares, na cabeça e garganta, vómitos, hemorragia e diarreia.

A doença tem seis estirpes diferentes, três das quais (Bundibugyo, Sudão e Zaire) estão na origem de grandes epidemias.

O vírus afectou vários países da África Ocidental de 2014 a 2016, quando 11.300 pessoas morreram, num total superior a 28.500 casos.

 

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