TAAG: tripulação de aviões alugados à HiFly não é angolana por falta de certificação
O conselho de administração da TAAG mostra-se disponível para o diálogo e respondeu às principais preocupações que deram origem às manifestações, na semana passada, no Aeroporto Internacional 4 de Feveiro, em Luanda, organizadas pelo Sindicato Provincial do Pessoal Navegante de Cabine (SINPROPNC), alegadamente contra o modelo de gestão da nova Administração da TAAG.
O SINPROPNC reclama, sobretudo, da não inclusão do pessoal navegante de cabine nos novos aviões alugados.
O presidente da Comissão Executiva da TAAG, Eduardo Fairen, esclarece que trata-se de um exercício de optimização da gestão no curto prazo.
Eduardo Fairen explica, em comunicado, que o contrato com a HiFly, companhia a quem a TAAG alugou aviões, foi o mais célere na resposta à necessidade de disponibilidade imediata de aeronaves num período de muita procura do mercado.
“Para termos o nosso pessoal de cabine nestas aeronaves, teríamos de treiná-lo e certificá-lo para o modelo Airbus. Para o pessoal ser treinado no modelo Airbus, este tipo de aeronave teria de estar certificada em Angola, na ANAC [Autoridade Angolana da Avião Civil], e este processo de certificação leva cerca de 6 meses”, explica.
“Poderíamos, em alternativa, ter alugado um Boeing 773, porém, este processo mostrou ser ainda mais moroso, sendo que, para o caso do boeing 737 disponível em aluguer “damp lease” (aeronave sem tripulação) enfrentaríamos o constrangimento do idioma, pois os pilotos falam inglês nativo e o nosso pessoal de cabine, de forma geral, não é fluente em inglês conforme desejado. Dentro das regras internacionais de aviação, é assinalado que toda a tripulação fale o mesmo idioma (com elevada proficiência) para poder comunicar de forma eficaz em caso de emergência”, escreve Eduardo Fairen.
Um piloto da TAAG consultado pela nossa redacção confirma que, de facto, nenhum piloto da companhia de bandeira nacional tem certificação para aeronaves da fabricante Airbus.
“Exacto. Eu não posso voar Airbus porque não estou qualificado para este avião, nem eu nem nenhum outro piloto da TAAG”, confirma pedindo anonimato.
Entretanto, diz que o pessoal de cabine, ou seja, as assistentes e comissários de bordo ou vulgarmente chamadas de hospedeiras, essas podem voar o Airbus mediante uma adaptação ao avião, como a localização de equipamentos de emergência e abertura de portas.
Sobre os alegados despedimentos de pessoal, o CEO assegura que a TAAG não despediu pessoal navegante de cabine.
“Houve, sim, o término do contrato de trabalho temporário de 5 colaboradores, ou seja, os contratos não foram renovados e se extinguiram em conformidade com a lei. Os colaboradores impactados poderão ser reintegrados no futuro quando a operação crescer e se assim se justificar. As boas práticas de gestão apontam no sentido de não se renovarem contratos temporários quando se está a optimizar o quadro de pessoal da empresa, numa fase crítica pós-covid e num contexto em que parte da frota está inoperante devido à manutenção”, esclarece o gestor.
Para o piloto da TAAG que temos vindo a citar, “não é correcto por parte da administração pôr quase todos os aviões da TAAG, incluindo os 3 aviões mais novos, como cargueiros e alugar sucatas para diminuir a qualidade dos serviços e sujar a imagem da companhia e do país”, concluíndo que, se já se sabia que a TAAG não tinha aviões, era desnecessário abrir a linha de Madrid e esperar tempos melhores para o fazer.
Eduardo Fairen tranquiliza que a partir do próximo ano a TAAG irá receber aeronaves modelo Airbus 220, num aluguer de longo prazo em regime Dry-Lease (tripulação/manutenção local), sendo o pessoal navegante totalmente TAAG.
“Este acordo foi conseguido graças a uma excelente negociação, onde não foi requerida à TAAG a apresentação de garantias financeiras que iriam onerar ainda mais o Estado angolano. Já desencadeamos o processo de certificação destas aeronaves e temos agendada uma formação intensiva para todo o pessoal navegante e em terra, incluído o reforço na fluência da língua inglesa e nas competências de atendimento aos passageiros e clientes”, assegura o CEO da TAAG Eduardo Fairen.