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SADC em reunião especial com crise pós-eleitoral em Moçambique a centralizar atenções

O Zimbabwe, país que preside actualmente à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), anunciou que o bloco regional de 16 membros irá reunir-se em Harare para uma cimeira extraordinária entre os dias 16 e 20 de Novembro, com a crise/violência pós-eleitoral em Moçambique na agenda.

De acordo com a ONG Human Rights Watch, pelo menos 40 pessoas foram mortas nas quase três semanas de protestos que se seguiram à votação de 9 de Outubro.

“Inicialmente, [a cimeira da SADC] foi organizada para tratar de questões relacionadas ao desenvolvimento na República Democrática do Congo”, afirmou Piers Pigou, analista político especializado na África Austral do Instituto de Estudos de Segurança (ISS), em Pretória, citado pela Deutsche Welle (DW).

“No entanto, devido à situação que se desenrolou desde a eleição do mês passado em Moçambique, espera-se que a SADC aborde esta questão ou, pelo menos, ouça o presidente moçambicano [Filipe Nyusi] sobre o que está a acontecer e o que estão a fazer a respeito”, acrescentou Pigou.

Esta semana, o candidato oficialmente derrotado mas que reclama vitória, Venâncio Mondlane, convocou novas manifestações a favor da reposição da verdade eleitoral, segundo ele. Apesar da dura repressão policial e do envio de tropas militares para conter os protestos. “Vamos paralisar todas as actividades”, declarou Mondlane nas suas habituais lives na rede social Facebook efectuadas, por razões de segurança, em parte incerta.

Impacto económico forte no países do Hinterland

“Sabe-se que as lideranças de Angola, Tanzânia, África do Sul e Zimbabwe já felicitaram a Frelimo e o seu candidato, enquanto outros aguardam o desfecho do processo”, disse Pigou, observando que esses pronunciamentos prematuros não necessariamente reflectem divisões graves dentro da SADC.

Pigou acredita que a SADC procurará uma posição comum entre os membros. “Há uma oportunidade para que vozes críticas sejam ouvidas, e resta saber se a oposição em Moçambique conseguirá fazer-se ouvir pelos actores relevantes nesta cimeira extraordinária da SADC.”

A África do Sul, maior economia da SADC, fechou a sua fronteira com Moçambique em diversas ocasiões, demonstrando a preocupação do governo de Cyril Ramaphosa com a instabilidade no país vizinho.

Segundo a Associação de Transporte e Ferrovia da África do Sul, o encerramento da fronteira custava à economia sul-africana pelo menos 10 milhões de rands (550 mil dólares) por dia.

A crise em Moçambique também pode impactar significativamente os países vizinhos sem acesso ao mar, como a Zâmbia, o Malawi, o Congo e o Zimbabwe, que dependem fortemente dos portos moçambicanos para as suas importações e exportações.

Para Linda Masarira, a SADC deve fazer tudo o que for possível para pôr fim à incerteza política em Moçambique, que ameaça toda a região. “Precisamos de paz em Moçambique. Precisamos de estabilidade em Moçambique para ontem”, concluiu.

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