
Ruanda corta relações diplomáticas com a Bélgica
O Ruanda anunciou ontem, dia segunda-feira, dia 17, o corte de todos os laços diplomáticos com a Bélgica, num contexto de relações tensas entre os dois países devido aos combates na República Democrática do Congo (RDC), adiantou o canal Euronews.
Assim, todos os diplomatas belgas deverão abandonar o Ruanda no prazo de 48 horas, segundo um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros deste país, acrescentando que a decisão “salvaguarda” os seus próprios interesses nacionais. “A Bélgica tomou claramente partido num conflito regional e continua a mobilizar-se sistematicamente contra o Ruanda em diferentes fóruns”, lê-se ainda no comunicado.
Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Maxime Prévot, qualificou a acção do Ruanda de “desproporcionada”, afirmando que o seu país iria responder da mesma forma. “Todos os acordos de cooperação governamental entre os dois países serão cancelados e os diplomatas ruandeses não serão bem-vindos na Bélgica”, afirmou.
Kigali tem sido criticada por países europeus, entre eles a Bélgica, por apoiar os rebeldes do M23, que nos últimos meses tomaram Goma e Bukavu, as duas maiores cidades do leste da RDC. A sua ofensiva causou dezenas de mortos e milhares de deslocados.
O M23 é um dos cerca de 100 grupos armados que lutam por uma posição no leste da RDC, uma zona rica em minerais perto da fronteira com o Ruanda. Os combatentes do grupo afirmam que estão a proteger os direitos da etnia tutsi da região.
No entanto, o governo da RDC acusou o Ruanda de apoiar os rebeldes numa tentativa de controlar as terras da região.
A Bélgica acusou igualmente Kigali de pôr em causa a integridade territorial da RDC. Na sequência desta polémica, o Ruanda anunciou no mês passado a suspensão do seu programa de ajuda bilateral 2024-2029 com a Bélgica, alegando que Bruxelas estava a sabotar o acesso do país ao “financiamento do desenvolvimento”.
Na altura, Prévot afirmou que a Bélgica continuaria a sensibilizar a opinião pública para uma “solução pacífica para o conflito no Leste da RDC”.
O corte das relações diplomáticas entre os dois países ocorreu no mesmo dia em que a União Europeia anunciou sanções contra nove pessoas – incluindo cinco ruandeses – relacionadas com a violência na RDC.