
Relações entre EU e São Tomé inalteradas, para já
Após acordo militar com a Rússia
A União Europeia (UE) não tenciona “ameaçar mudar” as relações com São Tomé e descarta “consequências imediatas” por causa do acordo de cooperação militar assinado entre o arquipélago e a Rússia, anunciou fonte oficial.
“Com toda a sinceridade, temos de manter a calma e não nos emocionarmos demasiado. Há muito tempo que cooperamos, em muitos sectores. Não temos qualquer intenção de ameaçar mudar o nosso nível de envolvimento no país”, disse, citada pela Deutsche Welle, a embaixadora da UE para Gabão, São Tomé e Príncipe e África Central, que analisou o assunto com o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.
Informação é importante
Cécile Abadie sublinhou que “é um assunto que está a ser muito debatido no país, onde os parceiros precisam de ter mais informação” e que ouviu “muitas mensagens” do primeiro-ministro são-tomense que vai transmitir às autoridades europeias.
“Aprecio muito a franqueza com que este tipo de questões pode ser abordado, por isso para mim foi muito útil e mais uma vez posso sair com as respostas às perguntas das minhas autoridades […] os Estados-Membros poderão compreender melhor, mas, para já, não há absolutamente nenhuma decisão nem consequências imediatas sobre as relações com a União Europeia”, referiu a embaixadora europeia.
Após hora e meia de reunião com o chefe do Governo são-tomense Cécile Abadie considerou que “é normal que a União Europeia tenha dúvidas e preocupações”, face ao acordo militar entre São Tomé e a Rússia, mas disse acreditar que o objectivo do primeiro-ministro são-tomense “é dissipar essas preocupações”.
“Mais uma vez, tenho de partilhar toda a informação que reuni com as minhas autoridades. A União Europeia não tem, nesta fase, qualquer posição sobre este acordo, muito simplesmente porque precisamos de o compreender melhor. Portanto, há preocupações e questões, mas, mais uma vez, registo a vontade do primeiro-ministro de nos tranquilizar”, referiu a diplomata.
Portugal surpreso com o acordo Rússia – São Tomé
Segundo a agência de notícias oficial russa Sputnik, o acordo militar “por tempo indeterminado” entre São Tomé e a Rússia, foi assinado em São Petersburgo em 24 de Abril e começou a ser implementado a 5 de Maio, prevendo formação, utilização de armas e equipamentos militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago.
Na última quinta-feira, dia 9, o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português, Paulo Rangel, afirmou, que Portugal e “outros Estados europeus manifestaram estranheza, apreensão e perplexidade perante este acordo.”
“Isto é o problema do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Nós temos relações bilaterais com muitos países e nós não precisamos de Portugal para nos relacionar com outros países, sejamos claro, se um país europeu quer manifestar preocupação, fala comigo, e não fizeram isso”, respondeu, na sexta-feira, dia 10, o primeiro-ministro são-tomense.
O Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova considerou que “existe muito ruído à volta do problema”, e considerou que “Portugal de maneira nenhuma é um factor de bloqueio à assinatura desse acordo, que é algo que diz respeito a São Tomé e Príncipe”.