Primeira fábrica de ferro gusa é inaugurada hoje no Cuchi
O país passa a contar oficialmente a partir de hoje, no município do Cuchi, província do Cuando Cubango, com a primeira unidade fabril de produção de ferro gusa verde, utilizando carvão vegetal como redutor no processo de fundição de minério, bem como tecnologia avançada, sustentável e livre de carbono (carbon-free).
De acordo com o programa, a primeira fase da construção da unidade fabril está orçada em 60 milhões de dólares e será inaugurada pelo ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns de Oliveira.
O projecto de direito angolano e pertencente à empresa privada Companhia Siderúrgica do Cuchi (CSC) começou em regime experimental no dia 1 de Maio deste ano e até agora já foram produzidos mais de 10 mil toneladas do ferro gusa, sendo que boa parte já está no Porto do Namibe para ser exportada para os Estados Unidos da América e alguns países da Europa.
Desde o arranque da fase experimental, foram testados o alto-forno para fundir o ferro gusa, as infra-estruturas electromecânicas (serpentinas e turbinas), os dois silos que têm capacidade para armazenar cada 2.400 metros cúbicos de minério do ferro gusa, um reservatório de água para absorver um milhão de litros e outro de 430 litros, a sala de máquinas e de comandos, entre outros equipamentos.
Em declarações ao Jornal de Angola, o presidente do Conselho de Administração da CSC, Rui Silva, garantiu que com a conclusão da primeira fase da construção da Siderúrgica do Cuchi estão criadas as condições necessárias para que a sua instituição possa produzir mensalmente 8.000 e anualmente 96 mil toneladas de ferro gusa para o mercado nacional e internacional.
Sublinhou que passada a fase definida para os testes dos equipamentos, que duraram aproximadamente quatro meses, a Companhia Siderúrgica do Cuchi é a segunda no mundo, depois do Brasil, a usar técnica de produzir o ferro a partir de energia renovável.
Fez saber que os principais mercados que compram o ferro gusa são os dos Estados Unidos da América (EUA) e também muitos países da Ásia e Europa.
Realçou que para a conclusão desta primeira fase das obras de construção da CSC, que tiveram início em 2015, a sua instituição gastou 60 milhões de dólares,dos 320 milhões previstos.
Nesta primeira fase, a CSC gerou mais de 1.200 postos de trabalho, sendo 180 na fábrica, 80 na mina do Cutato e 1.100 no fabrico de 400 metros cúbicos de carvão dos 750 metros cúbicos previstos, para assegurar o funcionamento do primeiro alto-forno para deter o minério. A Companhia Siderúrgica do Cuchi passa a partir de agora a ser a primeira fábrica de fundição em África a operar unicamente com uma fonte de energia renovável.
Rui Silva anunciou que para a segunda fase, a Companhia prevê investir a partir do segundo semestre do próximo ano 260 milhões de dólares para a construção de mais três altos-fornos e outras infra-estruturas, para uma produção anual de 516 mil toneladas de ferro gusa a partir de 2025.
Com a conclusão da segunda fase do projecto, a CSC tem como perspetiva passar de 1.200 empregos directos para cerca de 3.500, com principal prioridade para os jovens.