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Prigozhin, líder do grupo Wagner, morre após queda de avião em que viajava

Yevgeny Prigozhin, o chefe paramilitar do grupo Wagner que lançou um motim armado no passado mês de Junho, foi dado como morto. Segundo a Rússia, o líder do grupo mercenário era um dos passageiros do jato privado que se despenhou na região de Tver, perto de Moscovo, vitimando mortalmente as 10 pessoas que se encontravam a bordo.

A Rosaviatsia, a autoridade aeronáutica russa, confirmou que Prigozhin e o comandante superior da Wagner, Dmitry Utkin, estavam entre as 10 pessoas que viajavam no jato executivo da Embraer que se despenhou ontem à noite, quarta-feira, 23 de Agosto.

A causa do acidente ainda não foi esclarecida, mas a animosidade de longa data de Prigozhin com os militares e a revolta armada que liderou em Junho dariam ao Estado russo amplos motivos de vingança.

Os canais de comunicação social ligados à Wagner sugeriram rapidamente que um míssil de defesa aérea russo tinha abatido o avião. Grey Zone, um popular canal de Telegram com mais de 500.000 subscritores ligados a Wagner, declarou-o morto e saudou-o como um herói e um patriota que teria morrido às mãos de pessoas não identificadas, a quem chamou “traidores da Rússia”.

O avião da Embraer despenhou-se na região de Tver, quando voava entre Moscovo e São Petersburgo, a cidade natal de Prigozhin. Um vídeo publicado na Internet mostrava aparentemente o pequeno jato a soltar uma nuvem de fumo antes de embater no solo e irromper em chamas.

A aeronave, com a matrícula RA-02795, está sob sanções dos EUA desde 2019 devido à sua ligação a Prigozhin. O chefe da Wagner terá utilizado o avião, incluindo pouco depois do seu motim falhado, quando partiu de São Petersburgo para a Bielorrússia na manhã de 27 de Junho.

Várias agências noticiosas russas, incluindo a Baza, próxima das forças militares russas, afirmaram que os sete passageiros, incluindo Prigozhin e Utkin, e três tripulantes a bordo do jato tinham morrido. Mais tarde, as autoridades confirmaram a morte de 10 pessoas no acidente.

 

Utkin, um antigo oficial dos serviços secretos militares da cidade de Asbest, foi um dos primeiros comandantes de campo de Wagner, tendo sido galardoado com várias medalhas por bravura pelo próprio Putin, com quem várias vezes fotografado.

“Acabo de falar com alguns músicos excelentes”, escreveu Vladimir Rogov, o chefe russo da região ocupada de Zaporozhia, referindo-se aos membros do grupo Wagner, por vezes designado por “a orquestra”. “Confirmam o facto da morte de Yevgeny Prigozhin e Dmitry Utkin.”

Fontanka, uma agência noticiosa de São Petersburgo que cobriu extensivamente as operações de Prigozhin, confirmou que este estava acompanhado no avião por Utkin, um operador de câmara, o director de logística de Wagner e a segurança pessoal de Prigozhin.

Reagindo à morte do líder do grupo Wagner, o presidente dos EUA, Joe Biden, apanhado de surpresa na rua pelos jornalistas, afirmou: “Não sei de facto o que aconteceu. Mas não estou surpreendido… Não há muita coisa que aconteça na Rússia que não tenha a participação de Putin, mas não sei o suficiente para saber a resposta. Vou inteirar-me.”

A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, adiantou: “Se for verdade, ninguém deve ficar surpreendido. A guerra desastrosa na Ucrânia levou a um exército privado a marchar sobre Moscovo e agora – ao que parece – a isto!”

No início desta semana Prigozhin publicou um vídeo em que afirmava estar em África, para onde os seus mercenários se mudaram desde a revolta abortada. Mas não era clara a data em que foi filmado e se tinha regressado à Rússia desde então.

Entretanto, ontem à noite, as notícias sobre o despenhamento do avião foram chegando em catadupa. Uma delas, adiantada por Andrey Zakharov, repórter da BBC News russa, dava conta que Prigozhin havia voado de África para a Rússia com “toda a equipa de liderança” de Wagner.

Os aliados de Prigozhin acusaram rapidamente o Ministério da Defesa russo de ter assassinado o chefe da Wagner. A Grey Zone afirmou que o avião de Prigozhin tinha sido “abatido por um sistema antiaéreo sob o controlo do Ministério da Defesa da Federação Russa”. O canal, contudo, não citou provas desta afirmação. “Hoje faz exatamente dois meses que a justiça foi feita”, lê-se na Grey Zone, numa clara alusão ao motim abortado protagonizado pela chefe do grupo Wagner.

Pouco depois do acidente, Putin foi filmado a discursar num memorial à Batalha de Kursk de 1944, numa imponente sala de concertos ladeada por uma orquestra completa.

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