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Presidente de Cabo Verde expressa “profunda tristeza” pela morte de compatriota às mãos da polícia portuguesa

O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, expressou ontem, quarta-feira, dia 23, “profunda tristeza” pela morte do cabo-verdiano Odair Moniz, baleado na segunda-feira por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) no bairro da Cova da Moura, Amadora, Portugal.

Na nota de pesar, José Maria Neves manifestou “solidariedade à família enlutada, amigos e a todos os que conviveram com o jovem”, transmitindo “as mais sentidas condolências”.

O chefe de Estado afirmou ser “lamentável a forma trágica” da morte que “entristece a todos”, entendendo-se “o sentimento de revolta e indignação que reina no seio da comunidade cabo-verdiana.”

Todavia, o chefe de Estado apela a que haja “calma e serenidade”, confiando “nas autoridades do país”, lembrando que o Ministério da Administração Interna de Portugal já determinou a abertura de um inquérito “com caráter de urgência” para apurar os factos relacionados com a morte de Odair Moniz.

José Maria Neves apontou ainda “a importância de acreditar na justiça, que deve actuar com rigor e imparcialidade para esclarecer todos os factos e imputar responsabilidades, se for o caso.”

No apelo à calma com que termina o comunicado da presidência, refere-se que “a violência sempre gera mais violência” e que é essencial procurar “o melhor caminho para a resolução dos problemas, acompanhando o caso com serenidade até a conclusão das investigações.”

Odair Moniz, de 43 anos, morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca.”

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.

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