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Prabowo Subianto virtual vencedor das presidenciais na Indonésia

O actual ministro da Defesa, Prabowo Subianto, está bem encaminhado para se tornar o próximo Presidente da Indonésia, de acordo com a generalidade das sondagens. A eleição de Prabowo, que contou com o apoio tácito do actual chefe de Estado, Joko Widodo, não é uma surpresa, mas levanta dúvidas acerca da solidez do sistema democrático no maior país muçulmano do mundo.

O antigo general das forças indonésias ao serviço do regime de Suharto surgiu esta quarta-feira, dia 14, com uma vantagem muito sólida atribuída por quatro empresas de sondagens, que lhe davam, em média, 58% dos votos. A contagem oficial na Indonésia, um arquipélago com milhares de ilhas habitadas por 270 milhões de pessoas, é lenta e deverá demorar várias semanas a ficar concluída, por isso, as sondagens à boca das urnas têm sido usadas como um método rápido e eficaz para prever o resultado final desde que o voto directo foi introduzido.

As sondagens mostram que Prabowo não teve dificuldade em obter mais de 50% dos votos (e pelo menos 20% em cada província), evitando uma segunda volta que só seria disputada em Junho. Os seus principais adversários – o ex-governador de Jacarta, Anies Baswedan, e o ex-governador de Java Central, Ganjar Pranowo – ficaram muito distantes do antigo general.

“Esta vitória deve ser uma vitória para todos os indonésios”, afirmou Prabowo assim que foram conhecidos os resultados das sondagens, reivindicando de imediato um triunfo, ainda que virtual. “Não devemos ser arrogantes, não devemos ser orgulhosos, não devemos ser eufóricos, temos de nos manter humildes”, declarou o ex-general.

Acusações contra Prabowo não faltam

A vitória de Prabowo, de 72 anos, vem ressuscitar os fantasmas da ditadura de Suharto e dos seus abusos. O novo Presidente indonésio – que já tinha sido derrotado em duas ocasiões por Widodo – era um general responsável pelas forças especiais indonésias, as Kopassus, durante parte do mandato de Suharto, de quem chegou a ser genro.

Sobre si pesam acusações de envolvimento no rapto de 22 activistas políticos de oposição à ditadura em 1998. Até hoje, 13 mantêm-se desaparecidos e os seus familiares continuam a organizar vigílias em frente ao palácio presidencial para exigir respostas. Prabowo também é suspeito de ter participado em violações de direitos humanos em Timor-Leste e na Papua.

Por causa destas alegações, Prabowo esteve vários anos impedido de entrar nos EUA. Numa entrevista recente, o ex-embaixador norte-americano em Jacarta, Robert Gelbard, descreveu Prabowo como “alguém que é talvez o maior violador de direitos humanos nos tempos contemporâneos no Exército indonésio”.

O historial do antigo general parece ter exercido pouca influência depois de uma campanha em que Prabowo se soube reinventar como um candidato de continuidade de Widodo, prometendo manter a Indonésia no trilho do crescimento económico. Ainda mais relevante foi a forma como a sua equipa de campanha soube captar o voto dos mais jovens – um sector fundamental no eleitorado indonésio – através de uma utilização incessante das redes sociais, em que Prabowo era apresentado mais como um avô simpático do que um ex-militar responsável por sequestros.

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