Portugal quer alargar o âmbito do mandato de UE em Cabo Delgado
Portugal vai propor em Bruxelas uma “alteração ao mandato” da formação da União Europeia às forças armadas de Moçambique, face à saída da missão internacional de combate ao terrorismo em Cabo Delgado, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho.
“Com a experiência que adquirimos e também com a mudança da realidade, em função da saída das tropas da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], vamos propor uma renovação do mandato da formação da União Europeia e uma alteração a esse mandato para ser um pouco mais abrangente e para que tenha lições aprendidas da experiência das tropas formadas pela União Europeia no combate no norte de Moçambique. Portanto, adaptar um pouco a formação à realidade encontrada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português à Lusa, ao telefone a partir de Kigali, onde se encontra em visita oficial.
O Ruanda, salientou João Gomes Cravinho, “é um parceiro muito importante” para Portugal, “um país que presta muita atenção ao continente africano”, e “um protagonista de primeira importância” em cenários onde militares portugueses estão empenhados, como Moçambique e República Centro-Africana (RCA).
Na sua deslocação a Kigali, o chefe da diplomacia portuguesa encontrou-se com o seu homólogo, Vincent Biruta, e com o ministro da Defesa, Juvenal Marizamunda, bem como com autoridades da União Europeia e empresários portugueses.
Recorde-se que Ruanda tem desde Julho de 2021 uma força militar autónoma destacada em Cabo Delgado, no combate aos grupos terroristas que actuam no norte de Moçambique desde Outubro de 2017, operando em conjunto com as Forças Armadas moçambicanas. Juntaram-se ainda a estas operações militares dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), através da missão SAMIM, que deverá deixar o país em Junho.
“A SAMIM já começou a fazer as operações de retirada e em Junho já terá saído do teatro, o que deixa um certo vazio e, portanto, um dos temas da nossa conversa foi precisamente como apoiar Moçambique a evitar que esse vazio seja aproveitado por forças terroristas em Cabo Delgado”, disse Gomes Cravinho.