OMS preocupada com o surto de dengue no Brasil
O director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, qualificou esta quarta-feira, dia 7, o surto de dengue no Brasil como um “desafio significativo” e relacionou-o com o fenómeno climático El Niño.
“O actual surto de dengue foi alimentado pelo El Niño”, disse Adhanom durante um evento em Brasília, enquadrando o aumento de casos no país sul-americano como parte de uma expansão global da doença, que matou 5.000 pessoas em todo o mundo em 2023.
O El Niño é um fenómeno climático natural associado ao aumento das temperaturas da superfície no centro e leste do Oceano Pacífico tropical, mas que tem efeitos em todo o mundo.
Os efeitos do fenómeno promovem um aumento da temperatura nas Américas, o que acaba por facilitar a proliferação dos mosquitos Aedes aegypti, transmissores da dengue.
Segundo o director-geral da OMS, que está desde segunda-feira numa visita de três dias ao Brasil, “todas as regiões, excepto a Europa, são afetadas” pela onda de dengue, que é transmitida por mosquitos e causa febres altas e fortes dores musculares, entre outros sintomas.
No dia seguinte, a ministra da Saúde do Brasil, Nísia Trindade, apelou à união de todo o país “contra a dengue“, numa altura em que os casos aumentam exponencialmente em 2024, depois de 2023 ter registado números nunca antes vistos.
Dados do Ministério da Saúde do Brasil indicam que o país registou 345.235 casos prováveis de dengue este ano, com 36 mortes e outras 234 em investigação. O número de casos triplicou entre os dias 21 e 27 de Janeiro, comparando com o mesmo período do ano passado. Os estados do Acre, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal, decretaram situação de emergência em saúde pública.
Em 2023, o país sul-americano registou mais de 1,6 milhões de casos da doença, mais de um quinto de todos os notificados no mundo, e 1.094 mortes, um recorde histórico.
O Brasil começará uma campanha de vacinação pública contra a dengue ainda este mês. O país já divulgou a lista de cerca de 500 cidades que vão receber a vacina contra a dengue, que num primeiro momento deverá dar prioridade a crianças e adolescentes com idade entre dez e 14 anos por estarem entre o público com maior número de internamentos devido à doença.
O Brasil prevê receber até 6,2 milhões de doses de uma vacina japonesa contra a dengue em 2024. Porém, por se tratar de uma vacinação que requer duas doses de vacina, esse valor abrange apenas 3,1 milhões de pessoas e é insuficiente para enfrentar a actual explosão de casos.