Negócio de mel garante sustento de famílias em Angola
O número de famílias envolvidas directa e indiretamente na produção e no processamento do mel de abelhas em Angola tem aumentado consideravelmente.
De acordo com especialistas, a cadeia produtiva da apicultura propicia a geração de inúmeros postos de trabalho, empregos e fluxos de renda, principalmente no ambiente da agricultura familiar, sendo, dessa forma determinante na melhoria da qualidade de vida e fixação do homem no meio rural.
As 18 províncias do país são potenciais produtores de mel, sendo que as províncias das Lundas (Norte e Sul), Moxico, Benguela, Bengo, Cuando Cubango, Bié, Huambo, Huila, Luanda e Cabinda são as mais produtoras.
O município do Cachiungo, na província do Humabo, por exemplo, tem sido, nos últimos anos, um “grande viveiro” na produção de mel. O negócio está a permitir o sustento de milhares de famílias que, a partir do que ganham, também encontram soluções para o fomento da agricultura. O negócio do mel e a actividade de apicultura nesta província conta com o envolvimento de famílias organizadas em associações e cooperativas.
Celina Alua e Esperança Mbaka, duas das vendedoras de mel neste município, situado 61 quilómetros a Leste da sede da província do Huambo, alegam que, por enquanto, o negócio não tem tido grandes margens de lucro, mas, ainda assim, dá para o sustento dos filhos.
Celina Alua disse que adquire o mel de jovens e adolescentes que saem de algumas aldeias para depois revender à berma da Estrada Nacional 140, que liga o Bié à província do Huambo, por ser frequentada por um número considerável de transeuntes.
Apesar do pouco rendimento, a jovem Celina Alua sublinha que com o que ganha, por dia, consegue sustentar a família. “Não é muita coisa, mas já dá para sustentar os filhos e ajudar nas despesas de casa”, acrescentou, lembrando que os preços por litro variam entre dois mil e 2.500 kwanzas, enquanto por meio litro o cliente pode pagar entre 1.000 e 1.200 kwanzas. Esperança Mbaka, por seu turno, alinha no mesmo diapasão da colega de negócio. Acrescenta, nesse particular, que o dinheiro que ganha, além do sustento do agregado familiar, serve também para a compra de fertilizantes para o fomento da actividade agrícola. “Os lucros aplicamos também na compra de adubos para ajudar no cultivo de outros produtos como milho, batata, feijão, hortaliças e outros produtos nas nossas lavras”, disse.
Além da apicultura, a agricultura e pastorícia são outras actividades de sustentabilidade das famílias locais. Porém, o facto é que em grande escala, no Cachiungo muitas mulheres vêem o sustento das famílias obtido pelo negócio de mel.
Já na província do Moxico está a ser implementado alguns projectos de experiência piloto, da qual provém o mel industrializado da maior cooperativa “COAPA”, onde os apicultores poderão determinar a quantidade de mel a produzir em função dos apiários a construir, uma vez que os apicultores ainda trabalham com meios tradicionais.
A província do Bié controla 17 associações de apicultores, com 25.133 associados. Tem 67.030 colmeias, das quais 120 do tipo Langstroth (modernas), com capacidade de produzir 15 litros de mel em cada seis meses, adquiridas pelo Ministério da Agricultura e Pescas.
No município de Quirima, 310 quilómetros a sul da cidade de Malanje, o Ministério da Agricultura e Florestas está a treinar 40 apicultores locais e do município de Luquembo, com novas ferramentas, num âmbito de um projecto iniciado em 2017 que abrangerá oito provinciais do país.
Para além de outras nuances, a intenção do governo angolano é a inclusão do mel ao lado da madeira, nos produtos nacionais da lista de exportação para os Estados Unidos da América, através da Lei de Crescimento e Oportunidade para África (AGOA), instrumento de política comercial do governo norte-americano que a aproxima ao mercado dos países da África Subsariana, estabelecido em Maio de 2000.