Estamos juntos

“Na terra mãe volta-se sempre”

Erika Jâmece é artista plástica que pinta o que lhe surge na mente e, às vezes, faz colações com temas para determinadas exposições. Define-se como uma artista imprevisível, mas gosta mesmo é de pinturas livres e agressivas. Gosta do realismo, mas o abstrato é o que mais gosta.

Em entrevista exclusiva para o Centro de Articulação com a Diáspora (CAD), Erika Jâmece salienta que para os artistas promissores e focados, a dedicação no trabalho e o aproveitamento das grandes oportunidades é determinante.

A artista plástica não tem a menor dúvida de que o mercado das artes em Angola tem dado passos galopantes e satisfatórios todos os dias.

Segue na íntegra a entrevista da artista plástica Erika Jâmece (EJ) ao Centro de Articulação com a Diáspora (CAD):

 Quando foi que surgiu o gosto pelas artes plásticas?

Desde muito pequena dei logo muitos indícios do meu amor pelas artes.

O que significa para si as artes plásticas?

É liberdade transmitida através da pintura. É uma liberdade interior que transporto para as telas, onde as técnicas variáveis têm a sua magia no final de cada obra. As artes são o meu viver, o meu respirar.

Entre as várias técnicas do mundo das artes plásticas, qual delas mais trabalho dá? E porquê?

Quando se trabalha numa técnica ou em várias técnicas, na maior parte das vezes é um trabalho bem contínuo até esgotar, então ela vai fluindo.

Já tem o seu nome afirmado no mercado internacional das artes plásticas? 

Todos os dias trabalho e foco-me nestas minhas metas e objectivos. Meu nome tem sido falado paulatinamente, não tenho pressa.

Está satisfeita com a visibilidade que tem no mercado?

Estou satisfeita e tenho a certeza de que o meu trabalho está a ter o percurso que eu quero e a aceitação que esperava.

Em quantas exposições individuais e colectivas já participou? 

Já participei em dezenas de exposições em Angola e na diáspora. Só para dar uma ideia, participei na Exposição no Hotel Continental em Luanda, alusivo ao Dia da Mulher Africana, com pinturas em azulejo. Participei da Exposição colectiva no Museu de História Natural, em Luanda, alusivo à Cultura Nacional. Estive na Exposição colectiva no Museu de História Natural (Palpitações de Mulher). Estive na Coopearte, Galeria Celamar.  Participei da pintura de continuidade e fotografia de continuidade no Filme “Os Deuses de Água”, cooperação com Angola e Argentina, Exposição colectiva Elas Expõem Luanda Cores e Ritmos – Academia BAI, Luanda.

Na diáspora participei da Exposição colectiva Elas Expõem… Conexões Cores e Formas – Forte de São Jorge de Oitavos, Cascais (Portugal). Exposição colectiva na Gala prémios da lusofonia edição 2018, Auditório Ruy de Carvalho. Estive no Bazar Internacional do Corpo Diplomático (Embaixada de Angola) Lisboa. Exposição colectiva “100 Artistas” Sala D´Ouro Multiusos de Gondomar Portugal.

Bazar Internacional do Corpo Diplomático – A Convite da Embaixada de Angola em Lisboa. Exposição Virtual – Serviços Culturais da Embaixada de Angola em Portugal– Obras de Angolanos em Portugal -” Criação Artística em Tempo de Pandemia”.  Exposição Galeria de Arte Virtual “ KALUANDANDO “ Agosto de 2020, Exposição colectiva no Ar.Co – Centro de Artes e comunicação Visual.

Nota-se claramente que já participou de várias exposições. Já ganhou algum prémio? Fale um pouco sobre ele. 

O primeiro prémio da minha carreira. Foi um concurso internacional organizado pela Embaixada da Polónia e ganhei o primeiro prémio. Nunca me esqueci, por na altura ser muito nova, isto é, com 18 anos.

 Como tem sido a aceitação dos artistas angolanos no mercado internacional?

A aceitação tem sido boa, são momentos novos, os artistas africanos estão muito na moda e com trabalhos extraordinários.

Qual é a avaliação que faz do mercado angolano das artes plásticas?

Todos os dias o mercado das artes em Angola tem dado passos galopantes e satisfatórios. Para os artistas promissores e focados, é preciso dedicação e aproveitar as grandes oportunidades.

Falando de novos artistas, qual é apreciação que faz deles?

O mundo não pára, é claro, e os artistas vão dando voz e iniciativas artísticas fazendo dos seus trabalhos passos importantes para as suas histórias artísticas.

O que a inspira mais? E o que lhe retira a inspiração?

Inspirações nocturnas, os sonhos, alegrias fazem-me criar muito. Estar triste e pensar em problemas corta-me as criações.

Vai muito a Angola? Pensa voltar para lá morar definitivamente?

Na terra mãe volta-se sempre.

Como caracteriza a comunidade artística angolana no exterior, particularmente em Portugal?

As exposições vão sempre acontecendo, os eventos criados pelos artistas angolanos estão sempre a somar e a seguir, é bom de se ver.

Como podem ser estreitados os laços com quem está na diáspora?

Estar em eventos, participar, conhecer os compratriotas e trabalhar muito.

 Que mensagem deixa ao Estado Angolano e a comunidade artística?

Aos artistas, acreditar no nosso trabalho artístico é o ponto de partida e crucial para o sucesso. Se disserem que o nosso trabalho não vale nada, foquem-se mais ainda, pintem, trabalhem dia e noite e mostrem ao mundo o quanto valemos.

Para o Estado Angolano, que faça e proporcione mais apoios aos artistas. É importante para aculturação de um povo e de um país, só assim conseguiremos atingir grandes patamares.

Perfil

Nasceu em Luanda a 11 de Julho de 1977, tendo realizado a sua formação nos domínios das artes e da estética em diversas instituições, sendo relevantes as suas passagens pelo INFAC – ENAP (Instituto Nacional de Formação Artístico e Cultural – Escola Nacional de Artes Plásticas – Luanda – Angola)1996/2000 e pelo INEP (Instituto de Ensino Profissional Intensivo – Lisboa – Portugal) 2003. O percurso pelas artes plásticas é marcado pelo empenho e progressão na descoberta, num processo de autoformação, criando a sua própria técnica não enfeudada aos cânones mais convencionais da academia. Erika Jâmece define-se como um espírito livre. A sua espontaneidade e infindável criatividade são traços de personalidade vincados. As suas raízes e a sua relação com o que de mais genuíno existe nas tradições do seu povo atravessam a sua obra.

 

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...