Líderes mundiais reafirmam compromisso de implementar a Agenda 2030 e os ODS
Os Chefes de Estado e de Governo dos 193 países-membros das Nações Unidas, entre eles o Presidente João Lourenço, reafirmaram o compromisso de implementar, de forma eficaz, a Agenda 2030 e os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), bem como defender todos os princípios neles consagrados.
Os líderes mundiais assumiram esta posição ao adoptarem a Declaração Política dos ODS, durante a Cimeira sobre os ODS, que antecedeu ao Debate Geral da 78ª Sessão da Semana de Alto Nível das Nações Unidas.
Este documento afigura-se importante por ser por via dele que se vão priorizar os meios de implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, com realce para as transformações necessárias para enfrentar os actuais e graves desafios globais, como a fome, a poluição e as desigualdades entre as nações.
Das medidas aprovadas, para tornar exequível estas acções, os líderes mundiais concordaram em implementar uma reforma no sistema financeiro internacional, para que se reflicta melhor e de forma mais justa na economia global.
Como forma de garantir já um estímulo imediato aos ODS, os Chefes de Estado e de Governo dos 193 países-membros da ONU aprovaram uma acção financeira que passa por um investimento anual de 500 biliões de dólares.
Na declaração, os líderes mundiais reconhecem, ainda, a necessidade de um aumento expressivo nos investimentos, a fim de garantir transições justas e equitativas em temas como energia, educação, alimentação e tecnologias digitais. Os líderes mundiais asseguram, no documento, que a Agenda 2030 continua a ser o roteiro global para alcançar o desenvolvimento sustentável e superar as múltiplas crises que o mundo enfrenta.
Prometeram, por isso, actuar com urgência, a fim de se alcançar a sua visão como um plano de acção para as pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias, sem deixar ninguém para trás.
“Nos esforçaremos para alcançar primeiro quem está mais atrás”, destacam os líderes mundiais na declaração. Na sequência, comprometem-se a intensificar esforços para combater o racismo, todas as formas de discriminação, xenofobia e intolerância, estigmatização e discurso de ódio, por meio de cooperação, parcerias, inclusão e respeito à diversidade. Prometeram, igualmente, promover uma mudança sistémica em direcção a um mundo mais inclusivo, justo, pacífico, resiliente e sustentável para as pessoas e o planeta, bem como para as gerações s e futuras.
Os líderes mundiais reafirmaram, ainda, neste documento que está a ser considerado histórico, todos os princípios da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, incluindo, entre outros, o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, conforme estabelecido no seu princípio número sete.
ONU considera medidas carregadas de esperanças
Ao discursar na abertura da Cimeira dos ODS, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, referiu que os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável não devem ser encaradas apenas como uma lista de objectivos, mas sim um conjunto de medidas que carregam esperanças, sonhos, direitos e expectativas de pessoas de todas as partes do mundo.
Guterres enfatizou que estes objectivos se configuram em esperança, sobretudo, para pessoas assoladas pela pobreza, as que passam fome num mundo de abundância, crianças que não têm acesso a uma vaga numa escola, famílias que fogem de conflitos e pais que assistem desesperados seus filhos que morrem de doenças preveníveis.
Angola defende esforços coordenados para se ter êxito
O estadista angolano alertou, no seu discurso feito na cerimónia de abertura da Ca dos ODS, que nada do que consta dos planos, objectivos e programas que se vêm delineando ao longo dos anos será possível realizar, de forma efectiva e com os resultados pretendidos, se não se conseguir realizar um esforço coordenado no sentido de se eliminar os conflitos, a instabilidade, a insegurança e a imprevisibilidade, por constituírem factores de desencorajamento do investimento.
O Chefe de Estado, que interveio neste evento na qualidade de presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), disse que estes factores retiram aos mercados a credibilidade de que necessita para os parceiros internacionais investirem mais nas economias dos países.
Reconhecendo a relação de interdependência existente entre a paz e o desenvolvimento, João Lourenço referiu que Angola, na sua condição de presidente em exercício da SADC, vai continuar a desenvolver acções com vista à concretização futura da Visão 2050 da SADC, que disse prever uma região com estabilidade política e social, pacífica e desenvolvida do ponto de vista económico e de justiça e liberdade para os seus cidadãos.
“Esses objectivos, que são específicos da nossa região e também compartilhados pelos nossos parceiros internacionais, serão concretizáveis com um esforço conjugado entre todos, mas com muito menos constrangimentos e obstáculos se a relação entre a nossa região e a comunidade internacional se desenvolver sem as medidas unilaterais punitivas contra Estados-membros da SADC, como no caso do Zimbabwe”, frisou o estadista angolano, para quem a cooperação global, a solidariedade e a acção conjunta são factores importantes para se fazer face aos múltiplos e complexos desafios que o mundo enfrenta actualmente. “Pelo que faço um apelo à Assembleia-Geral das Nações Unidas no sentido de colocar esses propósitos no capítulo das prioridades da sua agenda para os próximos tempos”, concluiu.