Estamos juntos

Jovens são menos felizes do que há uns anos, diz Relatório Mundial da Felicidade

O Relatório Mundial da Felicidade, publicado esta quarta-feira, descreve o equivalente a uma “crise de meia-idade precoce” nos mais novos, com os Estados Unidos da América (EUA) e a Europa Ocidental à frente na tendência de infelicidade das novas gerações. Há vários motivos a contribuírem para o declínio dos índices de bem-estar nos jovens, com o porta-voz em saúde pública dos EUA a apontar o dedo às redes sociais como um dos principais factores.

Ao jornal britânico The Guardian, Vivek Murthy alerta que, em média, os jovens passam cinco horas por dia nas aplicações e um terço dos adolescentes fica acordado até à meia-noite durante a semana por causa do telemóvel. Nesse sentido, o médico insiste na necessidade de regular o acesso dos adolescentes às redes sociais, de forma a reduzir os perigos associados.

O editor do estudo mundial, Jan-Emmanuel De Neve, pede uma “acção política imediata”, considerando a “queda desconcertante” na felicidade dos jovens. O decréscimo acentuado do bem-estar juvenil “contradiz a noção bem estabelecida de que as crianças começam mais felizes antes de entraram numa curva decadente”, assinala o investigador.

O barómetro anual, divulgado neste Dia Internacional da Felicidade, que mede os índices de bem-estar em 137 países — e que volta a colocar a Finlândia como o país mais feliz do Mundo, seguido da Dinamarca (2ª), Islândia (3ª) e Israel (4ª) — , não justifica por completo as causas das estatísticas, mas os números que afectam os países mais desenvolvidos surgem num contexto de pandemia, guerras internacionais e uma crise climática.

O primeiro país africano da lista são as Ilhas Maurícias (59ª), depois a Argélia (81ª) e a África do Sul (85ª). Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé não integram a lista. Moçambique ocupa a 97ª posição. Nos outros países falantes de português, o Brasil quedou-se na 49ª posição e Portugal na 56ª.

Os últimos cinco lugares são ocupados pela República Democrática do Congo (133ª), Zimbabwe (134ª), Serra Leoa (135ª), Líbano (136ª) e Afeganistão (137ª).

Nos dados comparados dentro do período de 2006 — 2022, as regiões com piores tendências de decréscimo de felicidade são o Médio Oriente e o Norte de África, o Sul Asiático, a América do Norte (onde se inclui os Estados Unidos e o Canadá), a Austrália e a Nova Zelândia e a Europa Ocidental.

Inversamente, os países da África Subsariana, da América Latina e do Sudeste Asiático e da Europa Central e de Leste registam as melhores tendências de crescimento do bem-estar dos mais novos — com o leste e o centro europeu a registar o maior grau de satisfação mundial das pessoas na faixa dos 15 anos.

Segundo o estudo, a felicidade na infância e na adolescência é um dos melhores indicadores para a satisfação na vida adulta. Aliás, diz o relatório que o bem-estar na juventude está relacionado com maiores rendimentos, com inteligência, saúde e auto-estima.

Refira-se que o Relatório Mundial da Felicidade mede o bem-estar subjectivo através da auto-percepção da amostra. A Finlândia lidera pelo 7.º ano consecutivo o ranking de felicidade global, mas o primeiro lugar nos jovens vai para a Lituânia.

Notícias relacionadas
Comentários
Loading...