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Homem dos mil rostos recebe prémio Deutsche Börse Photography Foundation

Samuel Fosso, fotógrafo nigeriano nascido em Camarões e um dos mais importantes artistas contemporâneos da África, que tem a particularidade de se fotografar a si mesmo no estilo de figuras históricas importantes, como Martin Luther King ou Angela Davis, venceu o prestigiado prémio Deutsche Börse Photography Foundation 2023, numa cerimónia que teve lugar em Londres, Reino Unido. Com um valor monetário de 37 mil USD, o galardão foi-lhe atribuído pela sua recente exposição retrospectiva na galeria Maison Européenne de la Photographie em Paris.

“Ganhar este prestigioso prémio, reconhecido como um dos mais importantes no domínio da fotografia, significa que o meu trabalho é reconhecido pela comunidade artística”, afirmou Fosso. “Este reconhecimento é muito importante para mim. Sinto-me muito feliz e orgulhoso”, afirmou à BBC.

Shoair Mavlian, director da Galeria dos Fotógrafos e presidente do júri da Deutsche Börse, elogiou o trabalho de Fosso por criar “uma plataforma extraordinária para vozes e artistas negros ao longo de sua carreira”. “Ele utiliza uma abordagem tradicional, baseada em estúdio, mergulhada na história, enquanto, ao mesmo tempo, o seu trabalho permanece relevante e aborda questões políticas contemporâneas de hoje com humor e autenticidade.”

Fosso, actualmente com 60 anos, é descrito como “um homem de mil rostos”, interpretando diante da câmara figuras históricas de primeiro plano, entre as quais Mao Zedong, Malcolm X ou Patrice Lumumba, demonstrando o papel da fotografia na construção de mitos.

O fotógrafo foi criado na Nigéria, mas fugiu do país durante a guerra do Biafra (1967-70) quando a sua mãe morreu, tendo, mais tarde, se instalado com um tio na República Centro-Africana (RCA), onde começou a aprender técnicas fotográficas num estúdio local.

Aos 13 anos, em 1975, começou a trabalhar por conta própria, abrindo o seu Studio Photo Nationale na capital, Bangui. Começou a tirar auto-retratos utilizando as exposições dos seus filmes para enviar à sua avó na Nigéria. O objectivo inicial era mostrar que estava vivo e bem, mas o seu interesse em explorar o género cresceu e experimentou novas técnicas e poses.

Anne-Marie Beckmann, directora da Fundação Deutsche Börse Photography, afirmou que a retrospectiva de Fosso “abriu novas perspectivas, permitindo que muitas mais pessoas descobrissem o seu trabalho pela primeira vez, tendo emocionado e surpreendido aqueles que sentiam que já o conheciam.” “Através da retrospectiva, pudemos ver o seu trabalho de forma diferente e adquirir uma compreensão muito mais profunda da relevância da sua prática actual”, afirmou.

O júri também reconheceu o trabalho de outros artistas pré-seleccionados como Bieke Depoorter, Arthur Jafa e Frida Orupabo, que receberam 6.250 USD cada.

A exposição que apresenta os quatro artistas está patente na Photographers’ Gallery até 11 de Junho.

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