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Gana espera que inflação abrande em 2023

O Banco do Gana espera que as políticas de consolidação fiscal propostas no orçamento de 2023 ajudem a estabilizar a moeda e a reduzir o ritmo de subida da inflação.

De acordo com o site Quartz Africa, o banco central do Gana mantém a convicção de que a inflação galopante no país – que tem levado a intensos protestos de rua na capital, Accra, – possa começar a baixar já a partir do início do próximo ano.

Atribuindo a responsabilidade pela situação à falta de “resposta” do Fundo Monetário Internacional numa negociação de dívida de 3 mil milhões USD, o governador do Banco do Gana, Ernest Addison (na foto), disse aos delegados na Cimeira da Indústria Financeira Africana no Togo que “há alguma luz ao fundo do túnel”.

O somatório dos “efeitos colaterais” da guerra na Ucrânia, atraso no relançamento económico pós-pandemia e incapacidade do país de pedir empréstimos à comunidade financeira internacional retirou resiliência à economia ganesa, disse Addison. O FMI contrapõe, no entanto, que os problemas económicos do Gana são gerados mais por factores internos do que externos.

A inflação do Gana tem vindo a aumentar exponencialmente, passando de 11%, em Outubro do ano passado, para 40,4% em Outubro deste ano. A moeda ganesa – o cedi – perdeu 57% do seu valor neste ano, para um mínimo de 22 anos.

Segundo o governador, o banco central está a analisar o orçamento de 2023 e os instrumentos financeiros para fazer baixar a subida desenfreada dos preços dos bens e serviços e estabilizar a moeda, no meio da pressão do público e dos líderes da oposição.

“Se formos capazes de lidar com os nossos problemas fiscais, por exemplo, através do nosso orçamento, daremos algum espaço de manobra para gerir melhor a moeda. Até ao final do ano, esperamos chegar a alguns acordos e ajudar a apreciar a moeda [em 2023]”, disse Addison.

O orçamento ganês também coloca um limite máximo aos aumentos salariais das empresas estatais, que serão abaixo do habitual.

“De acordo com a estratégia de gestão da dívida para 2023, serão emitidos bilhetes do tesouro principalmente para efeitos de gestão de tesouraria e liquidez. A estratégia também propõe a criação de ‘amortecedores’ para reduzir a exposição do governo às volatilidades dos mercados de dívida”, disse Ofori-Atta.

Com estas medidas, adiantou, o governo prevê aliviar o custo de vida no país, que corre o risco de sofrer uma vaga de emigração de milhares de cidadãos.

Apesar da iniciativa do banco central de aumentar a taxa de empréstimo para 24,5% em Outubro, e de afirmar que o seu envolvimento com o FMI tem sido positivo, a inflação continua a aumentar.

A dependência excessiva dos mercados estrangeiros está a prejudicar o Gana. De forma a evitar este problema, o governador do Banco Nacional do Ruanda aconselhou os países africanos presentes na cimeira a abdicarem dos mercados de capitais estrangeiros para estabilizar as economias locais.

“O que podemos fazer como africanos para nos ajudarmos a sair destas situações? Porquê pedir empréstimos aos mercados estrangeiros com muitas restrições? Os mercados de capitais globais olham para África como um mercado de alto risco, só precisamos de pôr a nossa casa em ordem”, disse Rwangombwa.

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