EUA abertos a “parcerias” com países divergentes em prol de desafios
A embaixadora norte-americana junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, manifestou hoje disponibilidade para “parcerias críticas” com países dos quais “discorda”, de forma a enfrentar desafios globais e promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Numa conferência de imprensa em Nova Iorque para apresentar as prioridades dos Estados Unidos (EUA) para a 78.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas (UNGA 78, na sigla em inglês), Thomas-Greenfield admitiu estar disposta a colocar certas diferenças de parte em prol do desenvolvimento sustentável, sem identificar nenhum país em particular.
“Em primeiro lugar, trabalharemos para reforçar as parcerias — inclusive com países dos quais por vezes discordamos. Isso é algo sobre o qual o secretário de Estado, Antony Blinken, falou poderosamente na quarta-feira. Estamos a promover parcerias críticas — bilateralmente e através do sistema multilateral, incluindo aqui nas Nações Unidas”, disse.
“Estas parcerias ajudar-nos-ão a enfrentar os desafios globais e a promover os ODS, que constituem o modelo mundial para um futuro mais justo, mais pacífico e mais próspero”, acrescentou a diplomata.
A decorrer entre os dias 18 e 19 deste mês, a Cimeira dos ODS será um dos principais eventos da UNGA 78, quando líderes mundiais se reunirão para analisar a implementação da Agenda 2030 e dos seus 17 objectivos.
O resultado será uma declaração política negociada.
Faltando sete anos para a implementação dos ODS, apenas 15% das metas estão no bom caminho para serem alcançadas, segundo a ONU.
Nesse sentido, os EUA veem esta cimeira como “um grande momento para o mundo”, pelo que Washington reafirmará os seus compromissos com todos os 17 ODS e discutirá “formas tangíveis” de os alcançar.
Durante a UNGA, os EUA – que estarão representados pelo seu Presidente, Joe Biden – trabalharão também para defender os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, “incluindo o respeito pela soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados-Membros”, disse Thomas-Greenfield.
“Quando a Rússia lançou a sua invasão da Ucrânia, atingiu o cerne da Carta da ONU. Continuaremos a procurar uma paz justa e duradoura, em linha com os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas. E continuaremos a apoiar a Ucrânia, pelo tempo que for necessário”, disse a embaixadora a jornalistas.
O terceiro foco de Washington para a Assembleia-Geral será a pressão por reformas no sistema multilateral, de forma a tornar as instituições internacionais “mais eficazes, inclusivas, transparentes, responsáveis e adequadas à sua finalidade neste século”.
Tal como nos anos anteriores, o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o secretário de Estado, Antony Blinken, estarão na ONU para a Semana de Alto Nível.
“O Presidente reunir-se-á com líderes mundiais para discutir a colaboração em prioridades partilhadas e discursará na Assembleia-Geral, onde reafirmará a liderança do nosso país no combate às ameaças à paz e segurança internacionais, na proteção dos direitos humanos e na promoção da prosperidade e do desenvolvimento globais”, indicou a diplomata.
De todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – China, EUA, França, Reino Unido e Rússia -, os EUA são o único país que estará representado pelo seu chefe de Estado.
Questionada sobre a ausência dos restantes quatro líderes, Linda Thomas-Greenfield disse não saber os motivos dessa ausência, mas considerou “importante” que os países participem na semana de alto nível da UNGA, que acontece apenas uma vez por ano.
“Não posso falar pelos outros membros permanentes. Só posso falar por nós. Estamos comprometidos com a ONU. O Presidente está comprometido. O seu mantra era que o multilateralismo está de volta. Portanto, ele estará aqui para reforçar essa crença e envolver-se de forma generalizada”, afirmou.