
CPLP procura voz única em questões climáticas
A COP28, cimeira mundial sobre o Clima a decorrer no Dubai, entrou hoje, terça-feira, dia 12, no último dia. Ontem e hoje, os dias são dedicados a negociações, no final das quais deve sair o acordo final do documento. Para Angola, a transição energética é ainda um grande desafio para o país, apesar de já estar inserida dentro da matriz nacional e no plano nacional de desenvolvimento.
A participar nesta Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas Angola, que nesta edição contou com um pavilhão próprio, espaço que serviu para o país mostrar projectos, potenciais áreas de negócio e encontro bilaterais.
No Dubai, os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) deram seguimento ao que tinham definido na Declaração do Lubango, em Abril passado, um debate sobre o tema “Clima Estável como Património Comum da Humanidade”.
Em entrevista à RFI, Paula Francisco Coelho, secretária de Estado para a Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável de Angola, apelou aos países da CPLP a assumirem o clima como património comum da humanidade como uma bandeira deste bloco lusófono.
Paula Coelho começou por recordar que Angola começou a albergar esta temática aquando da realização da reunião dos ministros do Ambiente na cidade do Lubango, em Abril último. “Podemos assumir que este é o segundo encontro em que abordámos o clima como uma questão da humanidade, de património da humanidade”, referiu.
Angola prevê continuar com a temática e o apelo é que os países da CPLP a possam assumir como matéria da comunidade. “Isto já está interligado entre os ministros do Ambiente, agora é levar para os próximos encontros, sobretudo da juventude, porque acreditamos ser crucial este entendimento. As questões ligadas às alterações climáticas são muito complexas entre si e nem todos estudamos física, química, geologia, entre outras matérias.” E prosseguiu: “Daí este engajamento, este empenho de podermos cada vez mais falar a uma só voz, numa só língua, tirar também vantagens de que somos aproximadamente mais de 230 milhões de habitantes e de podemos, nos vários continentes, levar a temática, ou seja, os estados-membros da comunidade passam a ser mensageiros da temática.”
A ambição da CPLP é Grande: “É aí que está o engajamento de Angola para que dentro desta articulação, a cada intervenção, em qualquer um dos fóruns – internacionais, regionais ou outros – possamos ter um parágrafo da CPLP em todas as intervenções.”
Paula Francisco Coelho explicou ainda que a transição energética é ainda um grande desafio para o país, apesar de já estar inserida dentro da matriz nacional e no plano nacional de desenvolvimento.
“Angola não é imune aos efeitos das alterações climáticas, a seca no sul do país é um dos exemplos disso.” Questionada sobre as soluções no terreno, a secretária de Estado para a Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável refere que “já foi feito o levantamento do estudo das ocorrências à bacia do Cunene” além de estarem em curso “projectos multissectoriais, com algumas das agências da Nações Unidas, com esta população, sobretudo local e um programa integrado com a FAO Angola, para potenciar mulheres para agricultura.” Além disso, sublinha o plano da seca, “que nesse momento está numa base de auscultação nacional para encontrarmos soluções locais e o plano nacional do combate à desertificação”, concluiu.