
Continente africano quer ter voz activa nas decisões do G20
África do Sul está a utilizar a sua presidência do G20 para reforçar a integração das prioridades africanas na agenda económica global, defendendo uma participação efectiva e estruturada da União Africana nos processos de decisão do grupo das maiores economias mundiais.
A posição foi reafirmada pelo vice-presidente sul-africano, Paul Mashatile, durante a abertura do diálogo de alto nível do T20 África, realizado em Pretória, no passado dia 29 de Abril. O encontro decorreu sob coordenação do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais, da Universidade de Joanesburgo e da AUDA-NEPAD, e reuniu decisores políticos, académicos e representantes de think tanks do continente.
De acordo com a publicação digital ‘Further Africa’, Mashatile sublinhou que “o G20 não pode permanecer relevante sem integrar significativamente as prioridades africanas”, e apelou a uma cooperação institucionalizada entre o G20 e a União Africana, que vá além da representação simbólica. O objectivo, segundo o vice-presidente, é garantir que as necessidades de África estejam no centro das reformas do multilateralismo económico.
Desde 1 de Dezembro de 2024, a África do Sul preside o G20 — a primeira vez que um país da África Subsariana assume essa função — e tem procurado converter essa liderança numa plataforma estratégica para defender os interesses africanos em temas como sustentabilidade da dívida, financiamento climático, cuidados de saúde e reforma das instituições globais.
O T20 África, fórum intelectual do G20, tem servido de espaço crítico para formular recomendações políticas ao mais alto nível. A edição de 2025 destacou-se por aprofundar o debate sobre o papel de África na governança global, procurando alicerçar a sua presença com propostas concretas e voz própria.
Para Pretória, a presidência do G20 é uma oportunidade histórica para redefinir o equilíbrio de poder internacional e promover uma ordem económica mais inclusiva e representativa do Sul Global. Mashatile destacou ainda que, ao contrário de ciclos anteriores, “África não quer apenas ser ouvida — quer participar, propor e decidir”.
A expectativa de vários intervenientes é que a liderança sul-africana consiga traduzir o simbolismo em compromissos práticos, abrindo caminho para reformas estruturais que reflictam a realidade e o potencial do continente africano no século XXI.