Como a eleição presidencial de Taiwan tem repercussões no Corno de África
No chamado Corno de África, a eleição presidencial do passado sábado em Taiwan surge como uma ocasião para um novo braço de ferro diplomático entre a Somália e a Somalilândia. Desde que, no mês passado, a Somalilândia e a Etiópia assinaram um acordo que permite o acesso de Adis Abeba ao Mar Vermelho em troca do reconhecimento do governo de Hargeisa, a relação entre os dois países tem sido tensa. E as eleições em Taiwan reacenderam as alianças entre os dois países.
“A Somalilândia apoia a vossa busca de prosperidade, liberdade e (…) democracia”, escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros deste país (que declarou a sua independência em 1991) nas suas felicitações ao novo presidente de Taiwan. Por seu lado, a Somália, rapidamente seguida pela Eritreia, reiterou, num comunicado de imprensa “o seu apoio inabalável à política de uma só China.” A Somália e a China mantêm relações em torno das “Rotas da Seda”.
Como ponto de entrada no Mar Vermelho antes de passar pelo Canal do Suez, a Somália tem uma importância estratégica para Pequim. “A China sabe que precisa desta interface para realizar com êxito os seus projectos de “Rota da Seda” digital”, explicou Mathis Laurier, da École de Guerre Economique, citado pela Agência France Press. A Somalilândia e Taiwan estão ligadas por um destino semelhante: o de duas repúblicas autoproclamadas.
Actualmente, Taiwan é o principal parceiro económico da Somalilândia em muitos domínios, incluindo a exploração de petróleo. Este eixo diplomático poderia parecer insignificante, mas não hoje, quando a tensão aumenta entre a Etiópia e os seus vizinhos no Corno de África e o conflito no Iémen se estende ao Mar Vermelho.