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Cidadela quase lotada no adeus a “Nagrelha”

O estádio nacional da Cidadela esteve quase lotado na manhã desta terça-feira, com milhares de cidadãos de vários extractos sociais, que se dirigiram ao local para darem o último adeus ao kudurista “Nagrelha”.

Com o segundo anel do estádio interditado, a Cidadela voltou a viver momentos de grande euforia, só comparados aos tempos dos clássicos do futebol, apesar de se tratar de um dia normal de trabalho e de um ambiente fúnebre.

Desde as primeiras horas da manhã, pessoas de vários extractos sociais, desde mães com crianças às costas, jovens, adultos e crianças, fizeram-se ao interior do estádio para a despedida daquele que foi considerado, por muitos, um dos maiores ícones do kuduro.

Estimativas da Comissão Organizadora das Exéquias e da Polícia Nacional calculam que perto de 35 mil pessoas estiveram no local para homenagear o antigo vocalista dos Lambas (Demónios do Sambizanga), falecido a 18 deste mês, vítima de doença.

Apesar do sol abrasador, as pessoas não arredaram o pé da antiga “catedral” do futebol angolano, que há mais de dez anos não recebe jogos e tamanha multidão.

Com cânticos, lágrimas e lamentações, os cidadãos acompanharam a missa em memória de Nagrelha, orientada pelo padre José Baptista Nunda, que pediu aos fãs para não partilharem nas redes sociais coisas que denigrem a imagem do artista e da sua família.

Considerou que Nagrelha aprendeu a exaltar a beleza da vida com o estilo Kuduro, daí a necessidade de a sociedade ver e valorizar os feitos positivos do kudurista.

Por sua vez, o cantor Baló Januário disse que Nagrelha deve ser considerado  património nacional da cultura, porque, do seu ponto de vista, “depois da independência nacional, nenhum outro músico teve a sua performance e popularidade”.

“Já tivemos David Zé e Urbano de Castro. Na minha geração, tivemos o Mamborró, mas sem sombra de dúvida, ninguém atingiu a performance e a popularidade que o Nagrelha tinha”, acrescentou o cantor de música folclórica.

Durante a cerimónia cenas como a da jovem Belita, de 24 anos, com a criança às costas foi captada aos prantos chorando a morte de Nagrelha com gritos de que “se foi o nosso estado maior”.

Tal como Belita, vários outros fãs vindos de todos os municípios de Luanda e também de algumas províncias do país marcaram presença na despedida de Nagrelha diante de um aparato policial destacado para o efeito.

Em gesto de homenagem, uma música, intitula-se “Uma nação em lágrimas”, foi feita em memória de Nagrelha, com participação de Baló Januário, Chilola de Almeida e vários artistas do estilo kuduro.

Gelson Caio Manuel Mendes, ou simplesmente Nagrelha dos Lambas, de 36 anos, faleceu em Luanda, vítima de doença  e foi a enterrar  no cemitério da Santa Ana, em Luanda.

O emblemático cantor foi autor de vários temas de sucesso como “Não me Tarraxa Assim”, “Wamona”, “Katronga Violenta”, “Dizumba Grande”, “Banzelo”, “Toque do Nana”, “Comboio”, “Provou e Gostou”, de entre outros temas musicais.

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