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Chefe de Estado intervém no debate de Tecnologia e Inovação do G77+China

Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos 77, países do Sul Global+China, incluindo o Presidente da República, João Lourenço, analisam, a partir de hoje até amanhã, em Havana, Cuba, os desafios e estratégias para se alcançar o Desenvolvimento Sustentável e garantir maior acesso da Humanidade à ciência e à tecnologia.

Por ocasião da Cimeira de Havana, com o tema “Os Actuais Desafios do Desenvolvimento: O Papel da Ciência, Tecnologia e da Inovação”, o Chefe de Estado angolano foi recebido, ontem, no Palácio da Revolução pelo homólogo cubano, Miguel Díaz-Canel Bermudez. O encontro decorreu por volta das 19h30, hora local, e meia noite de Angola, seguido de um jantar de boas-vindas.

De acordo com o programa da Cimeira, o discurso de abertura será proferido pelo Chefe de Estado cubano, na qualidade de Presidente da Coligação dos 77 países do Sul Global+ China, seguido da intervenção do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, dos Chefes de Estado e de Governo, com destaque para o Presidente angolano, João Lourenço, bem como representantes de organizações internacionais.

Depois da cerimónia oficial de abertura, segue-se o debate geral, onde os Chefes de Estado participantes terão a oportunidade de exprimir as suas ideias e pontos de vista à volta do tema e fazer considerações sobre a realidade actual do Mundo.

De recordar que os líderes mundiais pretendem com este exercício fomentar o  debate e analisar os principais desafios que se colocam aos países do Sul Global para alcançar o Desenvolvimento Sustentável, com foco naquilo que é o papel da ciência, tecnologia e da inovação no apoio à segurança alimentar, saúde, aos novos processos produtivos, ao bem-estar humano e a um ambiente saudável, bem como a gestão governamental e do sector Privado, o contributo da Educação e da ética na ciência e tecnologia, os modelos de ciência aberta, o papel das ciências sociais e humanísticas para o desenvolvimento das sociedades, entre outros. No Memorando sobre a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do G77+China, representantes do Grupo reconhecem que o progresso científico e técnico é fundamental para se alcançar um Desenvolvimento Sustentável.

Sublinham, neste sentido, que o seu acesso continua a ser negado a uma grande parte da Humanidade sujeita a uma luta perene pela sobrevivência.

As partes reconhecem, igualmente, que a alteração deste paradigma exige a construção de um mundo mais justo, verdadeiramente democrático e inclusivo, que privilegie a solidariedade e a cooperação internacional.

Esta alteração, prossegue o documento, permitiria igualmente a mobilização dos recursos necessários para apoiar os esforços dos países no sentido de alcançarem o seu desenvolvimento que tem sido limitado por séculos de exploração, colonialismo e pilhagem.

“Perante a crescente marginalização tecnológica do Sul”, a ciência, a tecnologia e a inovação são prioridades a defender pelos países do Grupo, tendo em conta o seu impacto significativo no desenvolvimento e para enfrentar de forma eficaz os desafios actuais”, salienta o Memorando. As prioridades do Grupo dos 77 + China neste domínio foram incluídas nos documentos resultantes da Primeira e Segunda Cimeiras do Sul, cujo tema foi abordado nas declarações finais dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Coligação de países, bem como nos resultados das discussões do referido Grupo.

O G77+China é uma coligação de países fundada em 1964 e vocacionada à promoção dos interesses económicos colectivos dos membros, bem como a criar uma maior capacidade de negociação conjunta.

Cooperação deve ser ajustada à realidade actual

Ainda ontem, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, manteve um encontro de trabalho, à margem da Cimeira do G77+China, com o homólogo cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, no qual foram avaliadas outras iniciativas e medidas que deverão ser implementadas para dar uma nova dinâmica ao actual quadro da cooperação.

Durante o encontro, à porta fechada, as partes reconheceram a necessidade de se ajustar a cooperação bilateral às realidades dos respectivos países. Os dois ministros fizeram um balanço da recente visita do Presidente cubano a Angola, passaram em revista assuntos relacionados com o aprofundamento das relações e apreciaram outros aspectos para se manter o bom nível dos laços.

Angola e Cuba têm desenvolvido acções nos sectores da Saúde, Educação e Ensino Superior, Defesa, Turismo, Transportes, Desportos, Comércio e Indústria.

Em Abril deste ano, os dois países realizaram, em Havana, a Comissão Bilateral Angola-Cuba, que fez um balanço exaustivo da cooperação entre os dois países e chegou a importantes conclusões sobre aspectos que vão garantir o funcionamento da cooperação bilateral em sectores específicos.

Participaram da reunião de trabalho entre o ministro Téte António e o seu homólogo cubano, o embaixador Felisberto Martins, o director para a América do Ministério das Relações Exteriores e a embaixadora de Angola em Cuba, Maria Cândida Teixeira.

Na quarta-feira, falando à imprensa no final de uma visita de cortesia à Embaixada de Angola em Cuba, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, disse que a participação do país na Cimeira do G77+China concorre para a defesa dos interesses nacionais e colectivos relacionados com o tema a ser discutido e que serão reflectidos na Declaração final.

Sobre a recente visita do Presidente cubano a Angola e a pretensão das partes continuarem a trabalhar de forma afincada para impulsionar as relações entre os dois países, Téte António reafirmou existir uma relação muito sólida, forjada na Luta de Libertação Nacional, consolidada após a conquista da Independência.

“Temos estado a adaptar a nossa relação aos imperativos do momento e vamos continuar a trabalhar de forma concertada, do ponto de vista dos interesses bilaterais, mas também em fóruns como estes, no quadro multilateral, pois a concertação de posições é outra vertente desta cooperação entre os dois países”, disse o ministro das Relações Exteriores.

Para o chefe da diplomacia, a presença do Presidente da República na Cimeira de Havana expressa a vontade de Angola trabalhar com Cuba, incluindo no ramo multilateral, como é o caso da Cimeira do G77+China, que é praticamente o braço forte do mundo do Sul Global, em termos de desenvolvimento.

A questão que se coloca a todos os países, incluindo Angola, disse, é em que moldes podem responder às necessidades crescentes em termos de população e segurança alimentar de forma cabal e adaptada a outros factores, como o crescimento rápido da população. “As respostas que teremos dependerá da forma como  dominamos a ciência e a tecnologia, e, por sinal, são áreas chaves para uma população de grande crescimento, além de empregar muitos jovens”, sublinhou, para acrescentar que estes são temas que a Cimeira de Cuba vai abordar e ver que respostas devem ser dadas às questões colocadas.

No que toca à Declaração final a ser aprovada na Cimeira, o ministro Téte António lembrou que o documento não se negoceia na Cimeira, mas sim em Nova Iorque, através das representações permanentes nas quais Angola se fez presente para reflectir os interesses nacionais e do continente africano e, quiçá, do mundo.

Havana vai aprovar essa Declaração final, que praticamente já reúne consenso e vai ser adoptada pelos Chefes de Estado, disse.

O chefe da diplomacia angolana esclareceu também que a Cimeira de Havana não é uma reunião estatutária do G-77+China. A reunião estatutária, prosseguiu o ministro das Relações Exteriores, terá lugar em Dezembro, em Kampala, no Uganda, país que vai assumir a presidência do grupo.

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