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Biden ilibado, mas com fraca capacidade de memória

O procurador que investigou a descoberta de documentos com informação confidencial na residência particular do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, referentes ao tempo em que era vice-presidente, encerrou a sua investigação sem recomendar qualquer acusação criminal.

Esta boa notícia para Biden pode, no entanto, transformar-se num duro golpe político para as suas aspirações a ser reeleito em Novembro. Apesar de não ter encontrado provas suficientes de que Biden agiu de forma dolosa, e de ter salientado a colaboração da Casa Branca em todo o processo, o procurador fez uma avaliação muito crítica da acuidade mental do Presidente dos EUA, descrevendo-o como “um idoso bem-intencionado, mas com uma memória fraca”, que revela “uma diminuição das suas faculdades com o avanço da idade.”

“Ele não se lembrava de quando tinha sido vice-presidente, e esqueceu-se, logo no primeiro dia da entrevista, de quando tinha terminado o seu mandato (‘terá sido em 2013 — quando é que eu deixei de ser vice-presidente?’). No segundo dia da entrevista, não se recordou do ano em que o seu mandato começou”, diz o procurador no relatório, publicado na noite de quinta-feira.

Poucas horas depois do anúncio das conclusões da investigação, Biden convocou uma conferência de imprensa na Casa Branca para desmentir a caracterização feita no relatório e para acusar o procurador, Robert K. Hur, de ter extravasado as suas competências.

Hur, de 51 anos, foi nomeado por Trump como procurador federal no estado do Maryland, em 2018, e manteve-se nesse cargo após a tomada de posse de Biden, em 2021. Em Janeiro de 2023, poucos dias após a descoberta de documentos confidenciais na residência de Biden, o procurador-geral norte-americano, Merrick Garland, nomeou-o como procurador especial e entregou-lhe a liderança da investigação ao Presidente dos EUA.

“A linguagem usada no relatório para descrever a minha memória de alguns acontecimentos está a receber muita atenção”, disse Biden na noite de quinta-feira, dia 8. “Diz-se até que eu não me recordei do dia em que o meu filho morreu. Como é que ele ousou dizer isso?”

Segundo a Casa Branca, as referências a falhas de memória por parte de Biden, ao longo de cinco horas de entrevistas com o procurador, são expectáveis em alguém que é convidado a recordar acontecimentos passados há vários anos.

Além disso, o Presidente dos EUA sublinhou, na conferência de imprensa, que a entrevista com o procurador, realizada em dois dias, a 8 e 9 de Outubro de 2023, aconteceu poucas horas depois do ataque do Hamas em território de Israel, a 7 de Outubro — numa altura, disse Biden, em que a sua agenda estava dominada por conversas importantes com vários líderes mundiais.

“Eu estava tão determinado a dar ao procurador especial tudo aquilo de que ele precisava, que não desmarquei uma entrevista de cinco horas ao longo de dois dias, apesar de Israel ter acabado de ser atacado e de eu estar no centro de uma crise internacional”, disse Biden. “Senti que devia isso ao povo americano.”

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