
Banco Mundial suspende operações na Tunísia
O Banco Mundial (BM) anunciou esta segunda-feira, dia 6, a suspensão, “até nova ordem”, do seu quadro de parceria com a Tunísia. A razão prende-se com os recentes ataques a cidadãos subsarianos, na sequência de um discurso do presidente, Kaïs Saïed, pronunciado no dia 21 de Fevereiro contra a imigração ilegal. No entanto, “os projectos que já estão financiados seguirão o seu curso”, disse uma fonte próxima do BM, citada pela Agência France Press (AFP).
O BM suspenderá, “até nova ordem”, o seu quadro de parceria com a Tunísia, após ataques a migrantes no país, na sequência de um discurso do Presidente tunisino Kaïs Saïed no final de Fevereiro denunciando “hordas de migrantes ilegais”, refere um comunicado da instituição.
De acordo com uma carta enviada às suas equipas pelo Presidente do BM, David Malpass, a que a AFP teve acesso, a instituição não pode continuar as suas missões no país “dada a situação”, uma vez que “a segurança e a inclusão de migrantes e minorias fazem parte dos valores fundamentais do BM de inclusão, respeito e antirracismo.”
O BM alerta para um possível abrandamento das suas acções na Tunísia devido à implementação de medidas de segurança, especialmente para o seu pessoal da África subsaariana e respectivas famílias. “A Tunísia tem uma longa tradição de abertura e tolerância que é encorajada por tantas pessoas no país”, salientou David Malpass na sua carta ao pessoal do BM.
Embora as medidas tomadas pelo governo tunisino “para proteger e apoiar migrantes e refugiados nesta situação muito difícil” sejam “um passo na direcção certa”, o BM garante que “avaliará e monitorizará cuidadosamente o seu impacto.”
O presidente tunisino, Kaïs Saïed, num discurso proferido a 21 de Fevereiro, afirmou que “medidas urgentes eram necessárias contra a imigração ilegal de nacionais da África subsariana”, falando em “hordas de migrantes ilegais” cuja chegada fazia parte de uma “acção criminosa nascida no início deste século para alterar a composição demográfica da Tunísia.”
Estas declarações foram fortemente criticadas por ONG’s e activistas dos Direitos Humanos, tendo causado pânico entre os migrantes subsaarianos que desde então relataram um aumento dos ataques contra eles e se apressaram a repatriar pessoal das suas embaixadas.
Segundo números oficiais, citados pelo Fórum Tunisino dos Direitos Económicos e Sociais (FTDES), a Tunísia, que tem uma população de cerca de 12 milhões de habitantes, alberga mais de 21 mil nacionais de países da África Subsaariana, a maioria deles em situação ilegal.
No domingo, Tunes anunciou “medidas para melhorar a situação dos estrangeiros no país, facilitando os procedimentos de regularização de situações ilegais. As autoridades decidiram “alargar os certificados de residência de três para seis meses” para pessoas de vários países subsarianos, como a Costa do Marfim, cujos cidadãos beneficiam de uma isenção de visto de três meses quando entram na Tunísia.
As autoridades prometeram igualmente reforçar o apoio e a assistência sanitária e social aos migrantes através do Crescente Vermelho, procurando ao mesmo tempo “lutar contra todas as formas de tráfico e exploração de migrantes irregulares” através da intensificação dos controlos.