Ataques no Mar Vermelho começam a exercer pressão sobre portos africanos
Os ataques dos rebeldes Houthi do Iémen contra navios mercantes no Mar Vermelho parecem não estar perto de cessar.
A rota representa cerca de 15% do tráfego marítimo mundial, sendo um canal vital entre a Europa e a Ásia. Nos últimos dias, centenas de navios de grande calado têm sido desviados para o extremo sul de África. As consequências já se fazem sentir em alguns portos africanos.
Efectivamente, este aumento do tráfego marítimo está a criar o início de um congestionamento nos chamados portos de abastecimento de combustível. Nestes portos, os navios vêm abastecer-se do fuelóleo pesado de que necessitam para a sua propulsão.
A procura de combustível aumentou nos portos da Maurícia, das Ilhas Canárias e da África do Sul. O preço deste hidrocarboneto, entregue na Cidade do Cabo, aumentou 15%, passando para quase 800 dólares por tonelada métrica.
Raj Mohabeer, director da segurança marítima da Comissão do Oceano Índico, em declarações à RFI, explicou que, por enquanto, não há problemas de bloqueio dos portos, mas a situação pode piorar.
“Sabemos que existem alguns problemas no porto de Durban. Esta alteração da rota marítima terá certamente um grande impacto na zona. Por exemplo, com o número crescente de graneleiros e petroleiros, pode haver um risco acrescido de poluição marinha e outros perigos. A maioria das pessoas pensou que estes ataques não seriam persistentes. Mas à luz do que estamos a ver, é algo que não vai acabar tão cedo, e é por isso que estamos a pensar em alternativas.”
Desde Novembro, os rebeldes Houthi do Iémen já efectuaram quatro ataques a navios mercantes de transporte de combustíveis. Como resposta, forças conjuntas americano-britânicas retaliaram lançando ataques no dia 12 de Janeiro, marcando uma escalada súbita de violência no Mar Vermelho. Os rebeldes afirmam que realizam os seus ataques em “solidariedade” com os palestinianos de Gaza, que estão sob bombardeamento israelita desde o ataque do Hamas a 7 de Outubro de 2023.
Muitas grandes companhias petrolíferas (BP, Shell, QatarEnergy) e companhias de navegação (MSC, Maersk, Hapag-Lloyd, CMA CGM, etc.) já decidiram, nas últimas semanas, evitar o Mar Vermelho até nova ordem. A grande companhia de navegação japonesa Nippon Yusen (NYK Line) também confirmou esta semana que estava a suspender completamente o trânsito dos seus navios de carga pelo Mar Vermelho.