Angola tem excedente de 600 mil toneladas de farinha de trigo
Angola conta, actualmente, com 10 moageiras que garantem a transformação de um milhão 300 mil toneladas de farinha de trigo, uma produção acima das necessidades do mercado interno, estimadas em 700 mil toneladas/ano.
O facto foi revelado esta terça-feira, em Luanda, pelo presidente da Associação de Produtores de Farinha de Trigo de Angola (APFTA), César Rasgado, durante o encontro entre o Governo angolano e a classe empresarial do sector produtivo e distribuidores de bens de amplo consumo.
“Temos 10 moageiras a funcionar e com produto disponível, embora a sua distribuição não dependa somente dos produtores, mas de outros intervenientes, como os distribuidores. Portanto, reitero a existência da produção de farinha de trigo suficiente e com a qualidade desejada para abastecer o mercado nacional e, quiçá, exportar o excedente”, destacou.
De acordo com o empresário, maior parte desse produto pode ser usada para atender o mercado da panificação e pastelaria a nível nacional, com um custo razoável que garante a produção do pão, exemplo, sem constrangimentos.
Porém, na ocasião, César Rasgado denunciou o registo de alguma resistência da parte de alguns comerciantes/importadores em adquirir a farinha de trigo nacional.
Na mesma senda, o director-geral da Induve S. A, Kidy Aragão, disse que, a par da farinha de trigo, a capacidade instalada de transformação do milho em fuba ronda as 800 mil toneladas métricas/ano, num consumo anual em torno das 400 mil toneladas.
Por outro lado, apontou a importação da matéria-prima para o fabrico da farinha, por exemplo, como uma das razões da subida do preço deste produto no mercado nacional.
Em relação ao encontro orientado pelo ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns de Oliveira, o responsável considerou positivo, por permitir reflectir em torno das principais preocupações que inquietam os produtores e distribuidores, tendo augurado uma possível alteração na actual Pauta Aduaneira, com vista a dar maior conforto aos operadores.
Governo e empresários alinhados na segurança alimentar
Segundo o ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns de Oliveira, o Governo angolano e os empresários da área produtiva estão alinhados no interesse de garantir a segurança alimentar no país, baseando-se, essencialmente, na exploração da capacidade de produção já existente e no incentivo ao cultivo de novos produtos.
Referiu que o estímulo à exploração de novas áreas produtivas passa também pela continuidade e estabilidade da produção nacional, bem como importação de bens menos produzidos ou insuficientes para atender as reais necessidades do país.
Relativamente ao aumento constante de preços nos produtos de amplo consumo, o ministro apontou as variações que ocorrem no mercado internacional como uma das razões que encarecem as matérias-primas e os bens alimentares, quer nacionais, quer importados.
Perante esse cenário, avançou, urge a necessidade de se continuar o aumento da produção e a substituição paulatina das importações de matérias-primas, para reduzir os factores de exposição no mercado internacional e diminuir a volatilidade dos preços.
“A estabilidade da produção nacional, para assegurar a diminuição de preços dos principais produtos alimentares não será feito no curto prazo, por exigir o engajamento de todos operadores da cadeia produtiva, cuja concretização deste processo está no bom caminho, tendo em conta o comprometimento da maior parte dos empresários com a produção nacional”, sublinhou.
De acordo com o ministro, o Governo pretende que as unidades de produção existentes no país garantam bens essenciais para atender as reais necessidades do mercado nacional. Entre estes produtos, destaca-se, fundamentalmente, os bens agrícolas e industrializados de amplo consumo, como o arroz, trigo, açúcar, óleo vegetal, entre outros.
Com isso, prosseguiu, espera-se que uma parte dos produtos alimentares seja assegurada pelos produtores nacionais, um processo que deve contar com a contribuição e participação de empresas distribuidoras.
O encontro entre os membros do Governo e empresários visou identificar as insuficiências ou lacunas existentes na cadeia de produção nacional, industrialização e distribuição dos principais produtos da cesta básica em Angola.
Com isso, pretende-se encontrar as melhores soluções para resolver os constrangimentos que os operadores têm enfrentado na actividade produtiva.