Angola na rota das energias limpas
Angola acaba de entrar, em força, na rota das energias limpas, com a inauguração dos parques solares do Biópio e da Baía Farta, na província de Benguela, e marca uma viragem na sua estratégia de produzir energia mais barata e amiga do ambiente, com ampliação do peso das renováveis na matriz energética.
Esse projecto é o maior programa integrado de intervenção em energia renovável pública na África Subsahariana e foi pensado com o objectivo de gerar um impacto ambiental, social e económico positivo em Angola.
Com este passo, Angola junta-se ao Clube dos promotores das energias renováveis e amigas do ambiente, numa altura em que se assiste, nos últimos tempos, a um crescendo de acentuadas crises climáticas no planeta, fruto da acção do homem.
Angola considera as alterações climáticas um dos maiores desafios que enfrenta a humanidade, devido aos efeitos directos e indirectos que causam à vida económica e social das nações, daí estar empenhada na redução da intesidade de carbono na produção de energia eléctrica.
A matriz energética nacional já incorporava 62% de fontes não poluentes de energia, com perspectivas de se chegar a 72%, em 2025, conforme prometeu o Presidente João Lourenço na 26ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, realizada em 2021, em Glasgow, Escócia.
Por conseguinte, Biópio e Baía Farta constituem a concretização do comprometimento do Presidente João Lourenço em apostar na produção de energia fotovoltaica, com parques solares que vão reduzir o consumo de combustíveis fósseis na produção de energia eléctrica.
Com a entrada em operação dos dois parques, a proporção da capacidade renovável passa dos 60 para 65%, e o país deixa de consumir milhões de litros de gasóleo, sendo que representará um custo mais barato para a população, sobretudo a que vive em zonas rurais, promovendo a universalização do acesso à electricidade.
Os dois parques solares integram um conjunto de sete (7) unidades, com uma capacidade global de 370 megawatts (MW), e a substituição da energia térmica por solar representa uma poupança de 275 milhões de litros de diesel por ano.
No âmbito da transição energética, o Executivo cumpre um outro grande objectivo da descarbonização da economia angolana, pois o compromisso global ao qual Angola aderiu é o de manter o aumento do aquecimento global abaixo de 1.5 graus celsius.
E de acordo com o minstro da Energia e Águas, João Baptista Borges, o impacto destes parques na redução das emissões de CO 2 é de cerca de 935 mil toneladas por ano.
Ainda no quadro da energia solar, serão concluidos, até 2023, os parques do Luena, província do Moxico, Lucapa (Lunda Norte) e Saurimo (Lunda Sul), ou seja, os outros cinco fazem parte deste conjunto de sete, enquanto os do Cuito e do Bailundo serão concluídos até 2024.
Para o próximo quinquénio, o Executivo aprovou e já contratou obras que levarão energia a mais de nove milhões de pessoas em 11 províncias, nomeadamente Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico (Leste), Huíla, Cuando Cubango, Cunene e Namibe (Sul). Incluem-se ainda as províncias de Luanda, Cabinda e Malanje (Norte) e Bié (Centro), num investimento de mais de 3 mil milhões de dólares.
De acordo com o ministro, foram selecionadas 113 localidades, sedes municipais e comunais, onde serão instalados conjuntos de painéis fotovoltaicos, com armazenamento em baterias, incluindo redes de distribuição, iluminação pública e 967 mil novas ligações, bem como 448 sistemas rurais de abastecimento de água, na parte Sul de Angola.
Adicionalmente, em outras 12 localidades será feita a electrificação por extensão da rede eléctrica nacional e a expansão da rede de distribuição existente em outras cinco localidades, que serão a periferia das grandes cidades.
Por fim, serão distribuídos 152 mil 458 sistemas solares individuais, que beneficiarão mais de 762 mil pessoas.
O programa de electrificação do país, segundo o ministro, atesta o empenhamento do Executivo angolano, em particular do Presidente da República, João Lourenço, na promoção do desenvolvimento económico e bem-estar das populações por via do investimento numa infra-estrutura fundamental, que é a indústria de electricidade.
A aposta de Angola na expansão da electrificação do país foi reconhecida recentemente pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, na Cimeira do G7, na Alemanha.