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Angola defende frente unida para reforma da governação global

O ministro das Relações Exteriores, Téte António, defendeu esta quarta-feira, dia 17, em Kampala, República do Uganda, o reforço da cooperação multilateral dos Estados-membros do Movimento dos Não Alinhados, a fim de se formar uma frente mais unida para pressionar a reforma da governação global e do sistema financeiro internacional.

Ao intervir na reunião ministerial da 19ª Cimeira do Movimento dos Não-Alinhados, o chefe da diplomacia angolana advogou, igualmente, o fortalecimento da coesão e unidade dos princípios fundamentais do movimento, no sentido de se promover relações pacíficas e amistosas entre todos os Estados-membros e a resolução pacífica de conflitos.

O encontro ministerial decorre no Centro de Conferências de Munyonyo, e prepara toda a documentação a ser submetida à 19ª Cimeira do Movimento dos Não-Alinhados, que deverá juntar, sexta-feira e sábado (dias 19 e 20), os Chefes de Estado e de Governo da organização.

Na reunião ministerial, Téte António propôs a criação de um plano de acção com áreas prioritárias de interesse comum, sujeito à cooperação em médio e longo prazos.

Durante o encontro, orientado pela vice-presidente do Uganda, Jéssica Rose Epel Alupo, o ministro angolano apelou à criação de um mecanismo de monitorização e implementação das decisões tomadas pelos Chefes de Estado e de Governo em cimeiras do género, bem como o fortalecimento da cooperação nas áreas da paz e segurança, alterações climáticas, migração, desenvolvimento sustentável e crescimento económico.

Lembrou que os desafios a nível global têm ultrapassado fronteiras e afectado os Estados nos mais variados domínios, nomeadamente político, económico, social e multilateral.

Neste sentido, sublinhou que “nenhum país pode existir isoladamente, tendo em conta a crescente interdependência entre os Estados, e referiu que a cooperação internacional se tornou uma das principais ferramentas de desenvolvimento de iniciativas para uma partilha cada vez maior da riqueza global.

Sobre o lema da 19ª Cimeira: “Aprofundar a cooperação para a afluência global partilhada”, o ministro das Relações Exteriores considerou relevante, uma vez que convida todos ao reforço da cooperação e a definição de estratégias proactivas para se atingir este objectivo.

Para Téte António, não há desenvolvimento e crescimento económico sem paz e cooperação.

Referiu que a cooperação internacional promove o desenvolvimento socioeconómico, a livre circulação de pessoas e bens e facilita a interacção entre os Estados, permitindo a partilha de experiências em áreas de interesse comum.

Depois de destacar os factores que contribuem para uma atmosfera mundial pacífica e dos valores da solidariedade, o chefe da diplomacia angolana alertou para a necessidade de uma acção do Movimento dos Não-Alinhados num compromisso determinado para se pôr fim aos conflitos em África, na Europa e no Médio Oriente, defendendo que o direito à autodeterminação deve continuar a ser o princípio central da acção.

“As nossas mentes estão ocupadas com o sofrimento do povo palestiniano. É necessária a implementação imediata das inúmeras resoluções da Assembleia- Geral das Nações Unidas e do Conselho de Segurança, tendo em conta o princípio de dois Estados, da Palestina e de Israel, para saírem pacificamente lado a lado”, salientou.

Por outro lado, Téte António, em nome do Chefe de Estado, João Lourenço, aproveitou a oportunidade para felicitar o Presidente da República do Uganda, Yoweri Museveni, por assumir a presidência do Movimento dos Não-Alinhados (MNA), e expressar o apoio de Angola durante o seu mandato.

Reforço da cooperação Sul-Sul para enfrentar os desafios actuais

O ministro acentuou que Angola defende o fortalecimento da cooperação Sul-Sul e triangular para os desafios que o mundo enfrenta, nomeadamente conflitos, pandemias, alterações climáticas, rápidas mudanças demográficas, desafios sociais e económicos, bem como as transformações tecnológicas.

“É essencial definir políticas adequadas para obter resultados para todos nós. Da mesma forma, precisamos de educar, preparar e sensibilizar a próxima geração para os desafios que surgem no actual contexto da cooperação internacional, educando-a para dar prioridade à paz e à estabilidade como chaves para o desenvolvimento e para a partilha da riqueza global, em colaboração com o trabalho dos Estados-membros”, realçou.

A cooperação, salientou, exige que os Estados-membros facilitem este processo, entre os quais o desenvolvimento industrial e de infra-estruturas, redes integradas e de qualidade, serviços acessíveis, promoção e facilitação do comércio e o estabelecimento de parcerias económicas.

Contributo para a integração regional

Ao fazer uma curta apresentação dos desafios do Executivo angolano no que concerne à criação de infra-estruturas, o ministro das Relações Exteriores destacou a inauguração recente do Novo Aeroporto Internacional de Luanda “Dr. António Agostinho Neto”, com capacidade para transportar 15 milhões de passageiros e um volume de carga de 130 mil toneladas por ano, salientando, à propósito, que o mesmo vai servir Angola e o mundo.

O Governo angolano, disse, criou condições para contribuir para a integração regional do continente africano, tendo o Corredor do Lobito como plataforma que vai permitir ligar Angola à República Democrática do Congo, com extensão à Zâmbia.

O Corredor, acrescentou, vai impulsionar as exportações intra-africanas que, por enquanto, representam apenas 14% do total realizado para o resto do mundo.

“Este projecto é um marco importante e multi-vectorial geopolítico e geoeconómico para a região e para o continente. Abrange as áreas mineiras da RDC e da Zâmbia”, referiu.

Aos presentes, o ministro recordou, ainda, o lançamento do satélite ANGOSAT-2, um projecto tecnológico que vai garantir a cobertura total do território nacional e servir, também, alguns países das regiões do Sul de África e Sul da Europa, bem como melhorar o intercâmbio e prestar os serviços de telecomunicações de alta qualidade.

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