Angola afasta-se da mediação do conflito entre a RDC e o M23
Angola decidiu, nesta segunda-feira, afastar-se da mediação do conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda, para se dedicar de forma mais ampla às prioridades gerais da União Africana.
De acordo com um comunicado divulgado hoje, Angola assegura que, “com a Comissão da União Africana, serão dados, nos próximos dias, os passos necessários para encontrar o país cujo Chefe de Estado, coadjuvado pela SADC, a Comunidade da África do Leste e os facilitadores, deverá assumir a mediação do conflito entre a RDC e o Ruanda”.
Quase dois meses após assumir a Presidência pro tempore da União Africana, Angola considera a necessidade de se libertar da responsabilidade de mediar este conflito no leste da RDC, para se concentrar mais amplamente nas prioridades gerais definidas pela organização continental, que incluem a paz e segurança no continente, infraestruturas, comércio livre continental, combate a epidemias, endemias e pandemias, desenvolvimento económico e social, além da justiça para os africanos e afrodescendentes por meio de reparações.
Angola considera bem-vindas todas as acções das Nações Unidas, de outros organismos internacionais e países de boa vontade que possam contribuir para a resolução dos conflitos persistentes no continente, visando o fim das hostilidades e a conquista de uma paz duradoura, desde que devidamente coordenadas com os mediadores designados, o Conselho de Paz e Segurança e com o Presidente da Comissão da União Africana.
O comunicado revela que Angola sempre acreditou na necessidade de haver, paralelamente, negociações diretas entre o Governo da RDC e o M23. Para isso, trabalhou para conseguir o consentimento de ambos para que a primeira rodada de negociações ocorresse em Luanda no dia 18 de Março deste ano. No entanto, essa acção foi abortada de última hora devido a uma série de factores, incluindo alguns externos e alheios ao processo africano em andamento.