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África está a evoluir em soluções de tecnologia verde

O sucesso da transição energética em África não está a ser construído apenas em reuniões de alto nível como a COP29 e em reuniões governamentais, mas também por empresas em fase de arranque na vanguarda da eficiência energética e da inovação agrícola.

O portal The Africa Report listou três destas startups inovadoras que estão a transformar a eficiência energética e a agricultura no continente africano.

Fundada em 2020 por Fouad El Kohen, a Meier Energy tornou-se conhecida por oferecer soluções personalizadas de eficiência energética a pequenas e médias empresas marroquinas. Com 30 funcionários, a startup fabrica sensores de medição e equipamentos de energia para centrais fotovoltaicas, ajudando a reduzir o consumo de energia dos seus clientes.

“É uma jovem empresa dedicada ao desenvolvimento e à comercialização de equipamentos de eficiência energética, electricidade e redes inteligentes”, afirma o fundador El Kohen. “A nossa ambição é apoiar a transição ecológica em Marrocos e em África.” Outro serviço oferecido pela empresa é o apoio à decisão, com o acompanhamento dos clientes ao longo da sua transição energética.

A Meier Energy dirige-se principalmente às pequenas e médias empresas que operam no sector terciário. Embora Marrocos tenha uma mão-de-obra qualificada, as iniciativas públicas não acompanharam o ritmo. “É um mercado que está a desenvolver-se no país, mas ainda não está estruturado”, disse El Kohen.

Em Julho, o Governo marroquino seleccionou a empresa para participar num programa de incubação para as PME marroquinas. Sob a égide da Agência Marroquina para o Desenvolvimento do Investimento e das Exportações, 341 exportadores pela primeira vez e 177 exportadores receberão apoio durante dois anos para os ajudar a enfrentar o mercado internacional. “Actualmente, 80% das nossas vendas são feitas no país e 20% são exportadas”, disse o fundador. “O nosso objectivo é inverter esta proporção”.

Empresa já está em Barcelona

A empresa, que não divulga os seus números nem os seus clientes, abriu uma sucursal em Barcelona em 2023, com o objectivo de orientar a expansão do grupo na Europa. “Hoje, é mais fácil encontrar clientes na Europa. Estamos também a visar outros mercados, como o Médio Oriente e a América Latina. De uma forma mais geral, os mercados que visamos com os nossos produtos são os mercados industriais”, afirma El Kohen, que está no sector há 20 anos. No que diz respeito à África Subsaariana, a startup mantém-se reservada quanto às suas actividades e ambições.

A empresa BioAni, fundada por Arthur de Dinechin em Abidjan, na Costa do Marfim, está a substituir os fertilizantes químicos por fertilizantes orgânicos produzidos a partir das larvas da mosca-soldado negra. Segundo o fundador, o adubo produzido pela BioAni é oito vezes mais barato do que os adubos químicos. É vendido a cooperativas e explorações de banana e cacau. “Quando contactámos os agricultores, mostraram-se relutantes, porque há anos que lhes dizemos que os produtos químicos são o ideal”, disse o empresário.

O objectivo é abrir novas explorações no próximo ano, incluindo uma em Yamoussoukro. O arranque da empresa é apoiado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em parceria com a agência da ONU e o Instituto de Economia Circular de Abidjan. A BioAni está a tentar convencer a população local, em particular as mulheres, a trabalhar com a mosca-soldado negra para produzir fertilizantes e alimentos para animais de criação.

Fertilizantes muito eficazes

Isabel Albinelli, especialista em bioeconomia da FAO, acompanhou de perto o projecto e está entusiasmada. “Esperávamos que os agricultores se retraíssem porque este fertilizante orgânico é baseado nos excrementos de larvas que se alimentam de resíduos”, explicou no site da organização. “Mas o fertilizante produzido é tão eficaz e barato, para não mencionar que está disponível localmente, que cada vez mais agricultores estão a comprá-lo”.

Inicialmente auto-financiada, a startup conseguiu angariar com sucesso a sua primeira ronda de financiamento junto de investidores europeus. O montante ainda é confidencial, mas a empresa está a planear uma segunda ronda de incentivo nos próximos meses para financiar a expansão na África Ocidental e Austral.

Na República Democrática do Congo, a GreenBox, fundada por Divin Kouebatouka, oferece uma solução inovadora de armazenamento a frio aos agricultores locais. Utilizando câmaras frigoríficas alimentadas por energia solar, a empresa permite ao produtor rural prolongar o prazo de validade de frutas e legumes até três semanas. A startup opera cinco instalações em aldeias rurais, onde os cultivadores podem armazenar os seus produtos por uma pequena taxa diária.

Para além do armazenamento, a GreenBox facilita a ligação entre os produtores e os mercados, aumentando o rendimento dos agricultores através da monitorização dos preços e da identificação das melhores alturas para vender.

Vencedora do Desafio Africano App 2024, a startup planeia expandir as suas operações para outras aldeias congolesas e, no futuro, para países africanos.

“Alguns agricultores contactaram-nos para ver se podíamos trabalhar com eles, mas estão no estrangeiro. Queremos desenvolver-nos primeiro no nosso mercado principal”, afirma Kouebatouka.

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