
África do Sul presta várias homenagens a Mandela
Esta terça-feira, dia 5, a África do Sul prestou homenagem a Nelson Mandela, o antigo presidente que morreu há 10 anos, com 95 anos de idade.
Activista anti-apartheid que se tornou um dos arquitectos da transição pacífica da nação arco-íris para a democracia, Nelson Mandela mantém o seu estatuto de herói. No entanto, o seu partido, o ANC, que foi inseparável da sua carreira política, é actualmente contestado por uma grande parte da população. A comemoração da morte de Mandela recorda o fosso crescente entre os sul-africanos e o partido no poder, o ANC.
“O seu legado continua a inspirar-nos e a guiar-nos”, refere a mensagem enviada pela direcção do ANC em homenagem ao seu camarada Nelson Mandela. Como que antecipando as críticas, o seu antigo partido sublinha os progressos realizados pelo país nos últimos dez anos: redução do número de bairros de lata, melhor acesso a água, a eletricidade e a Internet. Em contrapartida, a opinião pública em geral ocorre-lhe apontar o aumento do desemprego, da criminalidade ou das horas passadas sem eletricidade, em que os cortes chegam a ser de 15 ou 16 horas.
No espaço de alguns meses, Nelson Mandela vai encontrar-se no centro de vários aniversários: o 30º do seu Prémio Nobel da Paz, em Outubro; o 10º aniversário da sua morte, este mês; e o 30º aniversário da sua eleição presidencial, em Abril de 1994. Este aniversário coincidirá com eleições que, segundo algumas sondagens, poderão fazer com que o ANC perca a maioria pela primeira vez na sua história. Uma tal derrota iria ensombrar esta sequência de comemorações. Acima de tudo, recordaria aos dirigentes do ANC que a capitalização da imagem de Nelson Mandela já não tem o mesmo efeito de há 30 anos.