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AD vence eleições em Portugal e o Chega, extrema-direita, poderá ficar como segundo partido mais votado

A Aliança Democrática (AD) venceu as eleições legislativas de ontem, domingo, dia 18, em Portugal e conseguiu reforçar a percentagem de votos e o número de deputados no Parlamento.

O segundo lugar permanece uma incógnita até que sejam apurados os resultados do estrangeiro, com Partido Socialista e Chega taco-a-taco pelo maior número de mandatos. A aproximação do partido de André Ventura levou Pedro Nuno Santos a apresentar a demissão da liderança do PS. O Livre subiu a quinta força política, enquanto o Bloco de Esquerda foi superado pela CDU. Há ainda um novo partido com representação parlamentar: o Juntos Pelo Povo (JPP).

“O povo quer este Governo e não quer outro. O povo quer este primeiro-ministro e não quer outro”, destacou, Luís Montenegro, o líder da AD, no seu discurso de vitória. “Espera-se sentido de Estado, sentido de responsabilidade, respeito pelas pessoas e espírito de convivência na diversidade mas também de convergência e salvaguarda do interesse nacional”.

Questionado pelos jornalistas sobre as condições de governabilidade, o líder social-democrata afiançou: “Não me parece que haja outra solução de Governo que não aquela que dimana da vontade livre, democrática e convicta do povo português”.

Após esta eleição, “a moção de confiança que o povo endereçou hoje ao Governo é suficiente para que todos assumam as respetivas responsabilidades”, assinalou Montenegro, exigindo ainda “maturidade” das forças políticas.

Perante o empate entre PS e Chega em número de deputados, só se ficará a saber quem irá liderar a oposição quando forem conhecidos os resultados do estrangeiro. Em jogo estão ainda quatro assentos: cada um tem agora 58 mandatos, com o PS a arrecadar 23,38 por cento dos votos e o Chega 22,56 por cento. Confrontado com esta vitória para o Chega e derrota para o PS, o socialista Pedro Nuno Santos apresentou a demissão e anunciou eleições internas no partido.

“Pedirei eleições internas às quais não serei candidato”, declarou o secretário-geral socialista no seu discurso ao final da noite. “Mas como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei de lutar. Até breve, obrigado a todos”.

Questionado pelos jornalistas sobre o que correu mal, Pedro Nuno considerou ser cedo para avaliações, mas concluiu que os “partidos que provocaram a instabilidade foram premiados”. “Nós fizemos o nosso melhor, denunciámos aquilo que estava mal na governação (…). Não foi suficiente”, afirmou, acrescentando não ser “a pessoa certa para fazer juízos”.

Chega declara fim do bipartidarismo

André Ventura, líder do Chega, partido de extrema-direita, disse ter feito história esta noite ao tornar o Chega “o segundo maior partido” nas eleições legislativas. “Podemos declarar oficialmente, e com segurança, que acabou o bipartidarismo”, vincou. Sobre futuros cenários de governabilidade, o líder do Chega afirmou que o próximo Governo “depende do Chega e só do Chega”, mas não esclareceu se viabilizará o programa do próximo Executivo no Parlamento. “Podemos assegurar ao país algo que não acontecia desde 25 de Abril de 1974”, declarou.

IL mantém, Livre e CDU sobem, Bloco desce

Em quarto lugar, tal como no ano passado, ficou a Iniciativa Liberal (IL). O partido de Rui Rocha passou a nove deputados, mais um do que em 2024, conquistando 5,53 por cento dos votos. “Não foi possível crescer mais, assumo esse ponto. Mas olhando para trás, para esta legislatura, para a campanha que fizemos, eu não teria feito nada diferente”, afirmou, dizendo estar disponível “para as conversas dos próximos dias e para todos os contactos”.

O Livre, partido de esquerda europeísta, foi uma das surpresas da noite eleitoral, pulando para quinta força política com 4,20 por cento dos votos e seis deputados (mais dois do que já tinha conquistado).”Nós vamos dinamizar um grande movimento democrático e progressista no nosso país, porque este é o início da reviravolta”, garantiu o líder, Rui Tavares. “Nós não nos conformamos, nós não baixamos os braços, e nós não achamos que seja normal ter um país em que a direita se radicalizou e está num crescendo muito grande, com a extrema-direita com tantos deputados”, acrescentou.

Já a CDU, coligação de comunistas e verdes, perdeu um mandato, ficando agora com apenas três (depois de obter 3,03 por cento dos votos), mas conseguiu passar à frente do Bloco de Esquerda. Paulo Raimundo prometeu que o partido enfrentará com “muita coragem” a direita e a extrema-direita.

O Bloco de Esquerda foi um dos derrotados da noite, ficando-se pelos dois por cento de votos (menos de metade em relação ao ano passado) e elegendo apenas a deputada Mariana Mortágua.

O PAN conseguiu, por sua vez, manter a deputada única Inês Sousa Real, apesar de ter decrescido em número de votos: alcançou 1,36 por cento. “Gostaríamos de ter elegido um grupo parlamentar”, admitiu a porta-voz, acrescentando que “o voto útil acabou por prejudicar mais uma vez a pluralidade democrática”. Por fim, com 0,34 por cento dos votos, o Juntos Pelo Povo (JPP), partido que nasceu na ilha da Madeira, alcançou pela primeira vez representação parlamentar a nível nacional, elegendo um deputado. Filipe Sousa.

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