
Senegal adquire bens pertencentes ao presidente Senghor
O Senegal anunciou na quarta-feira, 25 de outubro, ter adquirido em França 41 objectos do seu antigo presidente Léopold Sédar Senghor por um valor total de 244 mil euros, após ter obtido a suspensão do leilão. A operação de aquisição foi finalizada na segunda-feira, dia 23, na leiloeira de Caen (noroeste de França), entre o Estado do Senegal e a Solène Lainé, leiloeira associada a este estabelecimento, indicou o Ministério da Cultura senegalês num comunicado publicado na quarta-feira, dia 25.
Os objectos, pertencentes ao presidente Senghor e à sua mulher, Colette, incluindo jóias e condecorações militares e presentes diplomáticos. Um dos objectos que se destaca é um colar da Ordem do Nilo em ouro de 18 quilates, recebido por Senghor durante uma visita à Universidade do Cairo em 1967, onde proferiu um discurso intitulado “Négritude et arabité” (Negritude e Arabidade). A coleção inclui também as canetas de ouro do poeta.
Preservar a memória e o património
“O custo da operação, incluindo todas as despesas, eleva-se a 244.000 euros”, ou seja, cerca de 160 milhões de francos CFA, declarou o ministério da cultura senegalês num comunicado de imprensa, referindo-se a “uma solução amigável” para a aquisição destes bens. “A mediação correu muito bem e chegámos a um acordo. Todos os lotes desta venda foram transferidos de forma consensual, de comum acordo com o Senegal. Todas as partes estão muito satisfeitas com este acordo”, declarou a Lainé à AFP na quarta-feira.
A 20 de Outubro, o Senegal anunciou que iria adquirir os lotes leiloados em França para “preservar a memória e o património” do seu antigo Presidente, que esteve no poder de 1960 a 1980. Obteve então a suspensão do leilão a favor de negociações directas com vista à aquisição destes objectos pertencentes a um particular.
Estes objectos não têm nada a ver com a coleção legada à Câmara Municipal de Verson (Calvados), explicou a Sra. Lainé. Foi neste município, onde morreu em 2001, que o antigo chefe de Estado senegalês passava as suas férias de verão, após o seu casamento com a francesa Colette Hubert, uma mulher da Normandia, na propriedade da família.
Poeta e escritor, Léopold Sédar Senghor foi um defensor da negritude, um movimento de defesa dos valores culturais do mundo negro que fundou nos anos 30 com Aimé Césaire, da Martinica, e Léon Gontran Damas, da Guiana. Professor de gramática francesa, foi o primeiro membro africano da Académie française. Morreu em Verson, em 2001, com 95 anos de idade.