País rejeita quota de produção para 2024 atribuída pela OPEP
Angola enviou uma nota de protesto ao Secretariado-Geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), quinta-feira, rejeitando uma deliberação do bloco de produtores a atribuir ao país uma quota de produção 1,110 milhões de barris por dia (bpd) em 2024, abaixo da proposta nacional de 1,180 milhões.
A reacção angolana é revelada em comunicado de imprensa enviado à nossa Redacção pelo Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, no fim da 36ª Reunião Ministerial da OPEP e aliados (OPEP+), realizada online, para estabelecer as quotas de produção dos países-membros à luz da decisão, também tomada nesse encontro, da adopção de cortes voluntários que totalizam 2,2 milhões de bpd no próximo ano.
O documento afirma que, “pelo facto da decisão não ter sido tomada por unanimidade e ser contra a posição de Angola”, a representação angolana reiterou, durante a reunião, a proposta da quota de 1,180 milhões de bpd para o ano de 2024 e, depois do encontro, foi enviada uma nota de protesto ao Secretariado-Geral da OPEP.
O comunicado lembra que “o nosso país é membro da OPEP há mais de 16 anos e, durante este período, tem cumprido cabalmente com todas as obrigações da Organização, bem como tem partilhado os esforços que os países signatários da Declaração de Cooperação OPEP e Não OPEP (OPEP+) têm desenvolvido com vista a estabilizar o mercado petrolífero internacional”.
O governador de Angola na OPEP, Estêvão Pedro, foi citado na imprensa internacional a declarar que o país vai manter a meta de 1.180 mil barris por dia para 2024. “Não nos revemos no 1.110 mil de barris/dia que é reflectido no documento [comunicado da OPE] e continuamos com a nossa proposta que é de 1.180 mil barris/dia. Este montante é o que faremos o esforço de produzir durante o ano de 2024”, reforçou.
Informações obtidas indicam que a Arábia Saudita e os seus aliados queriam impor quotas mais baixas para a produção petrolífera dos países africanos, numa tentativa de aumentar os preços para o próximo ano, mas contaram com a oposição destes países, entre os quais incluem-se Angola e a Nigéria.
Oito países adoptam cortes de 2,2 milhões de barris por dia
O bloco de produtores, que representa mais de 40 por cento do petróleo mundial, emitiu, no fim da reunião, um comunicado a resumir os anúncios de cortes voluntários totais dos países de 2,2 milhões de bpd, além de um convite ao Brasil, um dos 10 maiores produtores do mundo, para tornar-se membro do grupo, com o ministro da Energia desse país a indicar Janeiro como o mês da adesão.
A reunião realizou-se numa altura em que o mercado enfrenta receios de um potencial excedente de oferta, uma vez que o corte de um milhão de bpd, pela Arábia Saudita, devia terminar no próximo mês.
A produção da OPEP+, de cerca de 43 milhões de bpd, já reflecte cortes de cerca de cinco milhões de bpd destinados a apoiar os preços e a estabilizar o mercado.
As restrições totais de oito produtores chegam a 2,2 milhões de bpd, informou a Opep em comunicado, sem inicialmente revelar os detalhes. Incluída neste número, está uma extensão dos cortes voluntários sauditas e russos de 1,3 milhões de bpd.
Os 900 mil bpd de cortes adicionais prometidos ontem incluem 200 mil bpd de reduções nas exportações de combustíveis da Rússia, com o restante dividido entre seis membros.
O vice-Primeiro-Ministro russo, Alexander Novak, disse que o corte voluntário do seu país vai incluir petróleo bruto e derivados. Os Emirados Árabes Unidos declararam que concordaram em cortar a produção em 163 mil bpd, enquanto o Irão vai cortar mais 220 mil bpd no primeiro trimestre.
Arábia Saudita, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Kuwait, Cazaquistão e Argélia figuram entre os produtores que afirmaram que os cortes vão ser gradualmente reduzidos depois do primeiro trimestre, se as condições de mercado permitirem.
Preços caem depois da reunião
Os preços do petróleo caíram mais de 2,0 por cento, ontem, depois de a OPEP+ ter concordado com cortes voluntários na produção para o primeiro trimestre do próximo ano que ficaram aquém das expectativas do mercado.
Os futuros do Brent para Janeiro encerraram 27 cêntimos, ou 0,3 por cento, mais baixos, em 82,83 dólares o barril, e uma perda de 5,2 por cento no mês de Novembro. O contrato para Fevereiro, que começa a ser negociado como primeiro mês na sexta-feira, caiu em dois dólares, ou 2,4 por cento, para 80,86 dólares.
Os futuros do West Texas Intermediate fecharam em queda de 1,90 dólares, ou 2,4 por cento, para 75,96 dólares, e perdas acumuladas de 6,2 por cento em Novembro.