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Comité Central da Frelimo não anuncia sucessor de Nyusi

A 3ª sessão do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que decorreu na sexta e sábado últimos, acabou por adiar o anúncio do candidato do partido para as próximas eleições gerais e presidenciais, mas o Presidente da República e chefe máximo do partido no poder, Filipe Nyusi, confirmou que será a Comissão Política do partido a propor os nomes dos candidatos.

“Esperamos, como foi deliberado, que dentro dos próximos dias este processo encontre o seu desfecho, isto é, a Comissão Política submeterá ao Comité Central as propostas referentes às candidaturas da Frelimo a Presidente da República o mais breve possível, tendo em conta o calendário eleitoral”, sublinhou.

Durante a sessão, foi aprovada a directiva sobre o perfil dos candidatos para a eleição presidencial; Assembleia da República; Assembleia Provincial; e cabeça de lista para o Governo da Província.

A falta de um candidato oficial da Frelimo tem sido objecto de intensa especulação e análise por parte de observadores políticos. Para o analista político Ernesto Júnior, escutado pela Deutsche Welle (DW), a hegemonia do partido no poder no cenário político moçambicano dificilmente será abalada. Mesmo com a incerteza em torno da nomeação do candidato, a estrutura do partido poderá compensar os desafios da campanha eleitoral.

“A Frelimo é um partido de massas. O partido é que faz o candidato e não é o candidato que faz o partido”, comentou. “A Frelimo é uma máquina organizada que arrasta as massas e qualquer um que esteja à frente da Frelimo corre o risco de vencer as eleições”, frisou.

Para Adriano Nuvunga, analista e activista político, citado pela DW, o facto de o Comité Central ter sido convocado sem ter em conta a eleição interna é um mau sinal sobre a gestão do partido. “O centralismo político concentrado na figura do Presidente impediu que isso acontecesse por ditadura do presidente do partido”, opinou. Nuvunga referiu que não debater a eleição interna dos candidatos é uma manobra que revela que há interesses ocultos de Filipe Nyusi. “Poderiam talvez eleger um candidato que não fosse aquele que ele quer e ele quer um candidato da sua preferência”, considerou.

Já Ernesto Júnior entende que a postura da Frelimo é influenciada pela desordem política no país. “A desorganização que grassa na Renamo, principal partido da oposição, e em outros partidos políticos tem acomodado a própria Frelimo. Se a Renamo tivesse um candidato forte, aí sim haveria uma preocupação. Mas a Frelimo e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) não constituem nenhuma ameaça à Frelimo”, concluiu.

Recorde-se que as eleições gerais (presidenciais, parlamentares e provinciais) estão agendadas para 9 de Outubro. As candidatura à Comissão Nacional de Eleições devem ser submetidas entre os dias 13 de Maio e 10 de Junho.

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