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Cabo-Verde já é verde no mapa mundial da malária

O director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, referiu hoje, na cidade da Praia, em Cabo-Verde, que África precisa de democracia para ter estabilidade e combater a malária, agradecendo ao arquipélago pelo exemplo que dá para o resto do continente.

“Enquanto muitos países estão a recuar em termos de democracia e boa governação”, o director-geral da OMS disse estar “orgulhoso” do investimento de Cabo-Verde na boa governação, “porque isso traz estabilidade”, que é “importante para o desenvolvimento e prosperidade. E até para combater a malária é preciso paz e estabilidade.”

“Cabo Verde é um modelo que, lamento dizer, falta em muitos países africanos”, disse, acrescentando: “democracia é o que queremos no nosso continente, precisamos de democracia, boa governação e liberdade da comunicação social”, referiu, recomendando ao arquipélago lusófono que celebre e defenda essas conquistas.

“Mostra que ter democracia e liberdade é possível e eliminar a malária também. Qualquer coisa é possível no nosso continente: se houver uma vontade, há um caminho”, reiterou, ao ponto de pedir desculpa pela insistência, mas justificando: “é a base da prosperidade e desenvolvimento do continente”.

O certificado entra para a história de Cabo Verde ao lado de feitos como a conquista da independência e democracia, disse, durante a cerimónia oficial de anúncio da certificação. “É um momento histórico”, considerou, aplaudido de pé, num salão das instalações do parlamento cabo-verdiano, ao entregar o documento ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, resultado de seis anos com o país livre de casos locais.

Agora será necessário “treino e investimento contínuo” para manter uma vigilância forte relativamente a casos de malária que entram no país, sobretudo tendo em conta que Cabo Verde, arquipélago atlântico, faz parte da costa oeste africana com vários países onde a doença é endémica.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, endossou o certificado “ao povo cabo-verdiano”, considerando-o responsável pela conquista. Apontou o feito como o fim de um constrangimento para o turismo e saudou-o como mais um passo no reforço do sector da saúde como pilar para o desenvolvimento sustentável do país.

A malária tem aumentado globalmente em número de casos e mortes “e os países lusófonos não são diferentes do resto do mundo”, com excepção de Cabo-Verde, referiu, em resposta a uma questão colocada pela agência Lusa – entre os países lusófonos, Moçambique a Angola estão entre os cinco mais afectados do mundo, de acordo com a edição de 2023 do relatório anual sobre malária publicado pela OMS.

Entre os nove Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), só Portugal e Cabo Verde são classificados como livres de malária.

Além dos casos noutros pontos da lusofonia, Tedros Ghebreyesus pediu atenção para África, que acolhe mais de 90% dos casos e mortes por malária no mundo, com a Nigéria e República Democrática do Congo no topo da tabela de países mais afetados.

O diretor-geral da OMS disse ter sonhado, ao longo de carreira, com o dia em que haveria vacina contra a malária e espera que a imunização R21, pré-qualificada há duas semanas para distribuição, sustente esse sonho.

Uma coisa é certa: a partir de hoje, Cabo Verde “é verde” no mapa da malária: “já foi laranja e vermelho”, indicando a presença da doença, mas agora fica a verde, concluiu Tedros Ghebreyesus.

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