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Agostinho Neto recordado e debatido no Porto

O Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Angola em Portugal, Carlos Alberto Fonseca, participou sexta-feira e sábado num colóquio internacional, na cidade do Porto, denominado “Sou Um Dia em Noite Escura”, integrado nas comemorações do Centenário de Agostinho Neto.

Organizado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com o apoio da Embaixada de Angola em Portugal, o evento contou com a participação oradores de diferentes países que dissertaram e debateram, com diferentes visões, a figura, o pensamento e a obra de Agostinho Neto.

Sexta-feira, num dos pontos altos deste colóquio, o Professor Pires Laranjeira e a Faculdade de Letras da Universidade do Porto foram homenageados pela Embaixada de Angola em Portugal, como forma de reconhecimento pelo modo empenhado como têm ajudado a divulgar a obra e a figura de Agostinho Neto.

O Professor Pires Laranjeira, um reconhecido académico da Universidade de Coimbra, tem sido um dos principais investigadores e divulgadores do papel e da importância que Agostinho Neto teve, não só para Angola, como para o mundo, graças à sua visão humanista, ao modo determinado como conduziu a luta de libertação nacional e à influência que teve para a emancipação da África Austral, assumindo-se como um líder de inquestionável mérito.

A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, por seu lado, abriu há pouco mais de um ano uma Cátedra Agostinho Neto, mostrando-se sempre aberta a acolher iniciativas que ajudem a promover e a divulgar a figura do primeiro Presidente de Angola.

No programa elaborado pelos professores Francisco Topa, da Faculdade de Ciência da Universidade do Porto, e Abreu Paxe, do ISCED de Luanda, foram contempladas diferentes intervenções por conhecidos especialistas de investigação do percurso de Agostinho Neto, entre os quais Ana Maria Martinho, da Universidade Nova de Lisboa, Ana Ribeiro, da Universidade do Minho, Pires Laranjeira, da Universidade de Coimbra, Abreu Paxe, ISCED, de Luanda, Luigia de Crescenzo, da Universidade de Roma, Nazir Ahmed Can, da Universidade Autónoma de Barcelona, Roberto Vecchi, da Universidade de Bolonha, Xosé Lois García e Francisco Topa, da Universidade do Porto.

Ao usar da palavra na cerimónia de abertura, o Embaixador Carlos Alberto Fonseca sublinhou que “este acto, constitui em si uma homenagem sublime, pela presença e participação de tão destacados académicos, docentes, ensaístas, poetas, autores, estudiosos do mundo das letras, que honram com o seu saber o estudo da vida e obra daquele, cuja dimensão poética do seu ser

impregnou a sua vida, o seu destino e a própria saga heroica de resistência, luta e afirmação de todo um povo, face a um sistema de dominação atroz e anacrónico, até à proclamação e consagração da Independência de Angola, na dimensão e estatuto pelo daquilo que são as nações livres e soberanas”.

Segundo o Embaixador Carlos Alberto Fonseca, “não podemos falar de Agostinho Neto, enquanto político, sem falar da sua dimensão poética, que fez parte do seu ser enquanto homem político e estadista, do mesmo modo que também não podemos ler a sua poesia sem compreender a sua dimensão humana e política, as suas convicções, as suas motivações de lutador incansável pela liberdade, aglutinador e ao mesmo tempo difusor dos valores intrínsecos à honra da dignidade humana, com a dimensão da universalidade em que também se fundamentou e para a qual também projectou o seu pensamento, plasmado nos seus versos, através dos quais nos transporta, com a leitura, para a realidade angolana do seu tempo, com impressionante linguagem poética, capaz de nos transmitir como se presente estivéssemos, tal a clareza e a nitidez de expressão”.

EXPOSIÇÃO NO MUSEU MILITAR DO PORTO

Sábado, o ponto alto deste colóquio foi a inauguração de uma exposição fotográfica, denominada “Angolanos de Mãos Dadas para o Futuro”, acompanhada pela distribuição de uma biografia de Agostinho Neto.

Esta exposição, composta por 24 fotografias que retratam todo o seu percurso de vida, desde a infância até ao momento da sua morte, estará patente ao público no Museu Militar do Porto, onde Agostinho Neto chegou a estar detido, até ao próximo dia 19 deste mês, data a partir da qual será exibida nos claustros da Universidade de Coimbra.

Antes da inauguração desta exposição, a Professora Ana Rocha, da Universidade de Coimbra, dissertou sobre a filosofia Umbuntu na poesia de Agostinho Neto, enquanto o Professor Vicenzo Russo, na Universidade de Bolonha, falou das relações que Agostinho Neto teve com importantes personalidades do anticolonialismo italiano, como Joyce Lussu e Giovani Pirelli.

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