
África Subsaariana e o difícil equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a adesão aos compromissos climáticos globais
Os 54 países de África contribuem colectivamente com apenas 4% das emissões globais de gases com efeito de estufa, mas todos eles ratificaram o Acordo de Paris, que os obriga legalmente a reduzir as emissões. Este duplo desafio é particularmente premente para as 33 nações africanas classificadas como “Países Menos Desenvolvidos”, que enfrentam dificuldades económicas significativas e são desproporcionadamente afectadas por catástrofes induzidas pelo clima, como secas e inundações. Apesar destes condicionalismos, há um interesse crescente em alinhar as estratégias de crescimento económico com políticas sustentáveis e centradas no clima, revela um estudo divulgado pela publicação ‘Further Africa’.
A investigação indica que as nações mais ricas da África Subsaariana, como a Nigéria e a África do Sul, dão frequentemente prioridade à expansão económica em detrimento de acções climáticas agressivas. Isto deve-se à sua dependência de indústrias de energia intensiva e à resistência política dos sectores ligados aos combustíveis fósseis.
Uma pressão crescente
Estes países enfrentam uma enorme pressão para expandir o acesso à energia e a sua capacidade industrial, limitando frequentemente a sua capacidade de dar prioridade à redução das emissões. Por outro lado, os países menos industrializados da região concentram-se mais na adaptação aos impactos das alterações climáticas, como a melhoria das práticas agrícolas para resistir às secas e o desenvolvimento de infra-estruturas para gerir as inundações.
O estudo salienta igualmente o papel ambíguo da democracia na definição das políticas climáticas. Embora se espere muitas vezes que os governos democraticamente eleitos abordem as questões climáticas, a capacidade institucional limitada, a corrupção e a instabilidade política impedem frequentemente a sua capacidade de aplicar políticas coerentes. Além disso, o facto de se privilegiar a adaptação ao clima em detrimento da mitigação sublinha a necessidade urgente de melhorar as infra-estruturas resistentes ao clima, os sistemas de alerta precoce e as práticas agrícolas sustentáveis.
Para que a África Subsariana possa enfrentar eficazmente os seus desafios climáticos, são necessárias várias medidas fundamentais. Os governos devem integrar investimentos ecológicos e o desenvolvimento sustentável nos seus planos económicos, apoiados por estruturas de governação transparentes e responsáveis.
Deve ser dada prioridade às energias renováveis, aproveitando os abundantes recursos naturais da região, para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Além disso, o apoio internacional sob a forma de ajuda financeira, transferência de tecnologia e reforço das capacidades é essencial para garantir a justiça climática e capacitar a região para cumprir os seus compromissos globais sem sacrificar os objectivos de desenvolvimento. Ao alinharem as políticas climáticas com as necessidades locais e regionais, as nações africanas podem percorrer este caminho difícil em direcção ao desenvolvimento sustentável.