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África será o continente mais afectado pelos cortes da USAID no combate à tuberculose

“Os cortes de financiamento de 2025 por parte da USAID [a agência de cooperação dos Estados Unidos] terão um impacto devastador nos programas de tuberculose, particularmente nos países de baixo e médio rendimento que dependem fortemente da ajuda internacional, uma vez que os EUA têm sido o maior doador bilateral”, adiantou, ontem, quinta-feira, dia 6, em comunicado a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo o organismo liderado pelo etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, nas últimas duas décadas, os programas de prevenção, testagem e tratamento da tuberculose salvaram mais de 79 milhões de vidas, evitando cerca 3,65 milhões de mortes só em 2024 devido à doença infecciosa mais mortal do mundo.

“Este progresso foi impulsionado pela ajuda externa crítica aos países de baixo e médio rendimento, principalmente da USAID”, agência norte-americana para o desenvolvimento internacional, referiu a OMS, salientando que os EUA disponibilizaram anualmente entre 200 e 250 milhões de dólares para combater a doença. Este montante foi cerca de um quarto do total do financiamento dos doadores internacionais, alertou ainda a OMS.

De acordo com a OMS, estes “cortes abruptos no financiamento” ameaçam agora anular os ganhos “duramente conquistados, colocando milhões de pessoas, especialmente as mais vulneráveis, em grave risco.”

A OMS referiu que o continente africano é o mais afectada pelas interrupções do financiamento, seguida pelas regiões do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental.

“Qualquer perturbação nos serviços de tuberculose – sejam financeiros, políticos ou operacionais – pode ter consequências devastadoras e, muitas vezes, fatais para milhões de pessoas em todo o mundo”, alertou Tereza Kasaeva, directora do Programa Global da OMS para esta doença infecciosa.

Os primeiros dados dos 30 países com maior carga de doença confirmam que a retirada do financiamento já está a levar ao desmantelamento de serviços essenciais, com as cadeias de fornecimento de medicamentos a ser interrompidas devido à suspensão de funcionários, falta de fundos e falha nos dados.

Além disso, a USAID, o terceiro maior financiador mundial de investigação sobre a tuberculose, interrompeu o financiamento aos testes, “interrompendo gravemente o progresso na investigação e inovação” que estava a ser desenvolvida, salientou ainda a OMS.

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