
OMS, Governo e ONG’s reforçam parcerias para promover uma Angola livre do VIH/SIDA
Angola continua a enfrentar uma epidemia generalizada do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), sendo a transmissão sexual a chave da sua propagação. De acordo com o Inquérito Demográfico e de Indicadores de Saúde (2015/16), a taxa de prevalência do VIH na população entre os 15 e os 49 anos é de 2%, sendo mais elevada entre as mulheres.
A epidemia de VIH concentra-se sobretudo nas zonas urbanas, com a maior prevalência e incidência nas províncias do Leste e do Sul do país, o que está relacionado com as fronteiras porosas com a República Democrática do Congo (RDC), incluindo Lunda Norte, Lunda Sul e Malanje.
De acordo com a ONUSIDA (2022), cerca de 310.000 pessoas em Angola vivem com VIH/SIDA. No entanto, a cobertura do tratamento antirretroviral é ainda insuficiente, alcançando apenas 49% dos adultos e 22% das crianças que necessitam de tratamento.
Como parte de uma iniciativa mais ampla para acelerar e reforçar a monitorização conjunta, o apoio técnico e as visitas de supervisão durante o presente ano, o Instituto Nacional de Luta Contra o SIDA (INLS) iniciou, em Junho de 2024, uma série de visitas de campo às províncias da Lunda Norte, Lunda Sul e Malanje com vista a sensibilizar as populações sobre o VIH.
Criação de comissão multissectorial
No combate ao VIH/SIDA, as referidas províncias são apoiadas pela ONUSIDA, OMS, ACNUR, UNICEF, FNUAP e Organizações da Sociedade Civil como a ACADEJ, ANASO e MWENHO, visando estas entrevistas reforçar as acções de prevenção e tratamento do VIH entre crianças e jovens. Além disso, a iniciativa procura melhorar a integração dos cuidados primários e dos serviços de Saúde Sexual e Reprodutiva, bem como reduzir a violência baseada no género.
De acordo com a Directora do INLS, Lúcia Furtado, chefe da delegação de sensibilização para o VIH, a criação de uma comissão multissectorial é essencial para divulgar informação sobre o vírus, formas de transmissão, prevenção e tratamento. “Temos estado a trabalhar na divulgação do programa de eliminação da transmissão vertical, para minimizar a transmissão do vírus de mãe para filho”, acrescentou.
Apesar dos esforços feitos até agora, é importante notar que ainda existem vários desafios na luta contra o VIH/SIDA. Estes incluem um investimento limitado em estratégias comunitárias que apoiam os programas de saúde, barreiras sociais que dificultam a adesão, a continuidade do diagnóstico e do tratamento, e lacunas nas acções multissectoriais para intensificar as medidas de prevenção e tratamento do VIH/SIDA.
Lundas e Malanje as províncias mais críticas
Para mitigar estes desafios e alcançar os principais objectivos nacionais e globais, tiveram lugar encontros com os Governadores Provinciais da Lunda Norte, Lunda Sul e Malanje, para discutir dados relevantes sobre o impacto do VIH nas respectivas províncias, destacando a necessidade de uma liderança política mais forte para acções eficazes de prevenção, acesso ao tratamento e programas de apoio à adesão para as pessoas que vivem com o VIH.
Além disso, foram realizadas reuniões com a Direcção Provincial de Saúde das três províncias para avaliar o estado da prestação de serviços de saúde e identificar, com base no 7º Plano Estratégico Nacional para o VIH, as IST e as Hepatites Virais (NSP7), acções de aceleração em conformidade com as prioridades criadas em cada uma das províncias.
Os delegados visitaram o Assentamento de Refugiados Kasai do Lôvua na Lunda Norte; o Hospital Maternal Provincial e o Centro Materno-Infantil na Lunda Sul e Malanje para compreender os desafios e sucessos na implementação de serviços pediátricos e materno-infantis de VIH.
Acções de sensibilização estendidas a mais 12 províncias
Foram também realizadas sessões de aconselhamento e orientação com organizações locais da sociedade civil nas três províncias. “Há esperança de mudarmos este cenário. Vamos continuar a trabalhar juntos para prevenir, testar o VIH e garantir que ninguém seja deixado para trás”, disse Yoti Zabulon, representante da OMS em Angola numa visita à Lunda Norte, expressando o compromisso renovado desta instituição de saúde mundial em apoiar o Governo e os parceiros de saúde na luta contra o VIH/SIDA e na promoção de mais saúde para todos os angolanos.
Na mesma ocasião, a representante da ONUSIDA em Angola, Hege Wagan, sublinhou que os compromissos globais não existem sem as pessoas que fazem o trabalho na comunidade. “Os objectivos globais existem porque sabemos que os podemos alcançar se trabalharmos juntos. Por isso, aqui estamos a ouvir para sabermos com a melhor forma de trabalhar em conjunto, como Nações Unidas, Sociedade Civil e Governo.”
De referir que estes encontros de sensibilização sobre o VIH estender-se-ão a mais doze províncias com uma prevalência de VIH de 2% ou superior com vista a divulgar o NSP7 e contribuir com ideias para a diminuição de novas infecções, especialmente entre as crianças e os jovens.