
Filha do presidente dos Camarões assume-se como lésbica esperando mudar a lei no país
Brenda Biya, filha do presidente dos Camarões, Paul Biya, o segundo líder do mundo há mais tempo no poder, publicou, no dia 30 de Junho, uma fotografia na sua conta do Instagram em que aparece a beijar a namorada, Layyons, uma modelo brasileira de 25 anos. Na legenda, em inglês, lê-se: “PS: Sou louca por ti e quero que o mundo o saiba.”
Desde então, a jovem de 27 anos, quebrou o silêncio numa entrevista ao jornal francês ‘Le Parisien’, dizendo que espera que o facto de se ter assumido como lésbica possa ajudar a mudar a lei que proíbe as relações entre pessoas do mesmo sexo no seu país.
A filha do Presidente dos Camarões, que vive em Genebra, na Suíça, explica que “muitas pessoas se encontram na mesma situação e sofrem por causa daquilo que são” e espera conseguir dar-lhes um pouco de esperança, porque, na sua opinião, “falar é uma oportunidade de enviar uma mensagem forte”. Uma oportunidade que nem todos têm. Acrescentou ainda que considerava a lei anti-gay, que existia antes de o seu pai chegar ao poder, “injusta e espero que a minha história a mude”.
Não foi fácil fazer estas revelações íntimas, admite Brenda Biya, ao ‘Le Parisien’, mas agora sente-se “aliviada”. Recebeu muitas mensagens de apoio por parte de pessoas e organizações de defesa dos direitos humanos. Contudo, algumas reacções foram “violentas”. Os pais obrigaram-na a retirar a fotografia das redes sociais e até ao momento não mas falaram com ela.
Em 26 países de África a homossexualidade é crime
O primeiro elemento da família que lhe telefonou foi um irmão, que se mostrou zangado por ela ter publicado o post sem avisar a família, disse Brenda ao ‘Le Parisien’. Os seus pais, o Presidente e a Primeira Dama Chantal Biya, telefonaram-lhe mais tarde a pedir-lhe que apagasse o post. “Desde então, tem sido um silêncio”, disse.
Uma fonte governamental disse à emissora francesa RFI que o assunto dizia respeito à “vida privada de um adulto residente fora do país e não diz respeito, de forma alguma, aos Camarões ou ao Chefe de Estado”.
Brenda revelou ainda que teve a sua primeira paixão por uma rapariga quando tinha 16 anos, mas que era difícil expressar o seu amor devido à situação no seu país.
Nos Camarões, tal como em muitos países africanos, as relações entre pessoas do mesmo sexo constituem crime, sendo puníveis com uma pena de prisão até cinco anos. Actualmente, no país, há cerca de vinte pessoas detidas por terem tido relações com pessoas do mesmo sexo. Outros 26 países no continente africano consideram ilegal a homossexualidade.