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“Estou optimista quanto à solução do conflito entre o Rwanda e a RDC, porque já foram dados passos positivos para a sua resolução”

O Chefe de Estado, João Lourenço, disse que foi o convidado de honra no 8º Fórum Internacional de Dakar sobre a Paz e Segurança em África pelo facto de ser o Campeão da Paz e Segurança do continente, título atribuído na Cimeira de Malabo, realizada em Maio deste ano, sob patrocínio da União Africana, em reconhecimento ao empenho na busca de soluções pacíficas, principalmente na Região dos Grandes Lagos.

O Chefe de Estado garantiu que está optimista quanto ao conflito entre o Rwanda e a RDC, a julgar pelos passos positivos que já foram dados, no sentido da sua resolução, com realce para a troca de prisioneiros, com a intervenção da mediação angolana. João Lourenço abordou o assunto à margem do 8º Fórum Internacional de Dakar sobre a Paz e Segurança em África, em entrevista à RFI (Rádio França Internacional), tendo sublinhado as conversas, presenciais e ao telefone, mantidas entre os Presidentes Paul Kagame, do Rwanda, e Félix Tshisekedi, da RDC, graças ao trabalho do Governo angolano. Durante a entrevista, o Chefe de Estado afirmou que o dossier Rwanda-RDC vai receber um novo impulso, em virtude de estar mais disponível, uma vez que Angola ultrapassou o condicionamento imposto pela  realização das Eleições Gerais de 24 de Agosto. Na entrevista, que o leitor tem oportunidade de apreciar na íntegra, o Presidente João Lourenço tratou, também, de aspectos sobre a  paz e segurança em África, em particular a situação em Moçambique.

A África lusófona é convidada de honra nesta 8ª edição do Fórum Internacional de Dakar sobre a Paz e Segurança. Por que motivo?

Nós pensamos que terá sido pelo facto de a Cimeira de Malabo, ocorrida em Maio, ter-me colocado na posição de campeão da paz e segurança do continente. Uma vez que a matéria principal deste fórum de Dakar é a paz e segurança, penso que faz todo o sentido que o campeão da paz e segurança do continente fosse o convidado especial desta edição.

Angola é o mediador do conflito Rwanda-RDC. Houve um encontro neste Verão em Luanda. Há soluções à vista?

Estamos bastante optimistas, no geral, mais concretamente em relação a este conflito. Temos razões de sobra para estarmos optimistas, uma vez que alguns passos positivos já foram dados, no sentido da resolução do conflito, nomeadamente, como citei na sala, pelo facto de ter havido troca de prisioneiros, com a nossa mediação. Além de o facto ter decorrido em Luanda, a reunião da Comissão Bilateral ou Mista entre os dois países, ou, ainda, o facto de os dois Chefes de Estado terem voltado a falar, pelo menos telefonicamente. Eles têm falado com alguma regularidade, e não só por telefone, mesmo agora em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, falaram os dois, na presença do Presidente francês, Emmanuel Macron. Estamos satisfeitos e acreditamos que, o mais rápido possível, vamos chegar a um desfecho do conflito.

 O que falta fazer para acabar com o conflito?

O que falta fazer é, com certeza, acabar com o conflito, e falta pouco. Eu fiquei de ir a Kinshasa, na primeira oportunidade que puder, propus-me ir a Kigali e, quem sabe, terminamos em Luanda.

 Quando é que isso vai acontecer?

Logo que seja possível. Os nossos calendários estavam condicionados a este período eleitoral, que já terminou. A partir de agora, vamos retomar com força este dossier.

O Senhor Presidente também falou, aquando da última questão que lhe foi colocada no painel, durante a abertura do Fórum, sobre o conflito que assola Moçambique, país que não esteve neste fórum e vive uma situação muito problemática há vários anos…

Sim, com certeza. Lamentavelmente, Moçambique está a atravessar um mau momento, e, com isso, todo o mundo está a sofrer, porque, se Moçambique estivesse em paz, o mundo estaria já a beneficiar do gás produzido em Cabo Delgado. Não esteve presente, mas estamos aqui para o representar.

O Presidente senegalês, Macky Sall, referia-se ao facto de existir uma escassez de cereais, devido ao conflito que vive a Ucrânia. Lembrou que o preço do petróleo também está a aumentar. Angola pode jogar um papel importante, pois é o segundo maior   produtor  do ‘ouro negro’ em África?

 Podemos jogar um papel importante, visto que somos o segundo maior produtor de petróleo no continente africano. O mundo está aflito, podemos assim dizer, com a problemática da energia. Angola não só pode contribuir com combustíveis fósseis, mas também estamos a estudar com uma empresa alemã a possibilidade da produção de hidrogénio verde em Angola, que é uma fonte de energia limpa e exportável para a Europa e para quem precisar dela.

 Felizmente, temos importantes cursos de água. A produção energética em Angola é, sobretudo, hidroeléctrica, não é poluente. É uma fonte limpa. Estamos também a fazer importantes investimentos na solar. Começámos na província de Benguela, onde já foram inaugurados dois importantes parques. Vamos fazer um investimento bem maior do que o de Benguela, no Sul do país, nomeadamente no Namibe, Huíla e Cunene.

 Que tanto sofrem com a seca…

Com certeza. Já temos garantido o financiamento americano, assegurado pelo banco americano. É um projecto que vai iniciar-se em breve.

 Uma última questão relativa às eleições autárquicas: para quando?

Quando houver condições. Como sabe, o Pacote Legislativo Autárquico não está terminado. Enquanto isso, não posso assanhadamente- se me permite a expressão – convocar eleições.

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