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Bispo de Menongue considera Divisão Político-Administrativa decisão acertada

O bispo da Diocese de Menongue, Dom Leopoldo Ndakalako, considerou a Divisão Político-Administrativa (DPA) da província do Cuando Cubango como uma das decisões mais acertadas do Executivo, tendo em conta a dimensão territorial e as assimetrias regionais que dificultam melhor assistência às populações.

Em declarações ao Jornal de Angola, na última terça-feira, o líder religioso disse que a Divisão Político-Administrativa, sobretudo do Cuando Cubango, a segunda maior província do país, depois do Moxico, surge num momento oportuno, para melhorar as condições de vida das populações que residem nas zonas mais longínquas e de difícil acesso.

 “Num dos périplos que realizámos pelos municípios do interior, passando por diversas aldeias, deparamo-nos com uma situação caricata, difícil e dramática, que espelha exactamente o quão assustadoras são as assimetrias regionais no Cuando Cubango. Encontrámos adultos e crianças que não tinham, sequer, roupas para usar ou mantas para se cobrirem durante a noite, vivendo em casas de pau-a-pique, sem água potável, energia eléctrica, nem os serviços da Educação e Saúde de qualidade”, lamentou.

 Acredita que o objectivo principal da Divisão Político-Administrativa é aproximar o Executivo aos cidadãos e levar às pessoas os benefícios para responder às necessidades de uma boa governação, para conceder, de facto, oportunidades às pessoas para poderem se desenvolver em todos os sentidos da vida.

 Referiu que a medida trará enormes benefícios, como uma maior oferta de emprego, dos serviços da Educação, Saúde, Justiça, Energia e Água Potável, o acesso ao crédito para o fomento da agricultura e do autoemprego, entre outras, que vão se estender de forma rápida no território, encurtando as longas distâncias entre os municípios que se registam actualmente.

Maior controlo das fronteiras terrestres

Dom Leopoldo Ndakalako disse que a DPA vai permitir dividir o Cuando Cubango em duas províncias, sendo o Cubango, com a capital Menongue, e Cuando, com sede na cidade de Mavinga. Com isso, realçou, haverá maior controlo das fronteiras terrestres a Leste com a República da Zâmbia, a partir do município do Rivungo, e a Sul com a Namíbia.

 Explicou que no Cuando Cubango, com uma extensão territorial de cerca de 200 mil quilómetros quadrados e um número irrisório de forças da ordem para fazer face às necessidades, não tem sido possível garantir na íntegra a segurança das populações residentes na orla fronteiriça.

 “Quem se desloca para os municípios da orla fronteiriça, depara-se com várias áreas onde as fronteiras estão completamente desguarnecidas, sem a presença do Governo local, para garantir o bem-estar das populações que, diariamente, entram e saem destes três países, em busca de bens e serviços de primeira necessidade”, relatou.

 Efectivação da iniciativa

Dom Leopoldo Ndakalako disse que o assunto é sério e não se pode dar rodeios ou arranjar subterfúgios à volta do bem-estar social das comunidades. No Cuando Cubango, assegurou que a divisão é necessária, apesar de algumas pessoas pensarem que o Executivo está a fazer manobras ou a politizar o assunto. Referiu que quem assim pensa, não conhece a geografia da província, tão pouco os reais problemas das populações.

 “Não se deve atrasar a sua efectivação. Por isso, temos que dialogar e discutir em torno da melhoria de vida das pessoas, para acudir as populações e contribuir  no sentido de acabar com o sofrimento destas, sem olhar para lógicas e argumentações políticas e sociais”, defendeu o prelado.

 O religioso afirmou haver a necessidade de se levar àquelas comunidades no interior os bens básicos, que constam dos direitos fundamentais para a existência das pessoas.

 “Enalteço a efectivação da DPA, porque conheço o Cuando Cubango. Já passei muitas vezes pelos municípios longínquos e várias zonas de difícil acesso e conheço a realidade e as dificuldades que as populações enfrentam. Trata-se da existência e das necessidades concretas das populações. Desta pobre gente, nosso sangue, nosso povo e tudo devemos fazer para acudir às suas necessidades”, concluiu.

A província do Cubango terá dez municípios, nomeadamente, Menongue, Cuchi, Cuangar, Nancova, Calai, Caiundo, Savate, Longa, Tchinguanja e Cutato, enquanto o Cuando terá oito, designadamente, Cuito Cuanavale, Mavinga, Dirico, Rivungo, Luiana, Cutuilo, Dima e Luengue.

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